Neste conturbado momento porque
passa a sociedade brasileira, o que menos importa aos ansiosos pelo poder a
qualquer custo é o respeito aos princípios democráticos de organização coletiva,
conquistados na luta contra a ditadura e garantidos constitucionalmente a
partir de 1988. Até aí, nada de novo. Não é própria de golpistas a defesa da
Democracia, da Constituição ou de resultados eleitorais.
Também nada de novo pode ser
encontrado no comportamento dos grandes veículos de comunicação de massa que,
em conjunturas políticas como a colocada na atualidade, invariavelmente
posicionam-se ao lado dos que atacam o poder popular. Mais ainda – fazem parte
desse lado. Travestindo-se do seu contrário, outorgam-se o papel de paladinos
da ética e da justiça enquanto utilizam seus grandes recursos financeiros e
tecnológicos para fraudar informações e forjar opiniões favoráveis aos intentos
das elites econômicas.
Exemplo disso tem sido há 52
anos, a rede globo de televisão. Escondendo o tríplex de lama sobre o qual está
edificada (sonegação fiscal, evasão de divisas e empresas de fachada no
exterior), apresenta-se aos telespectadores como uma isenta analista da
realidade do país e do mundo e uma defensora incansável da verdade dos fatos.
Pois, entre as figuras públicas
envolvidas no turbilhão de denúncias e indiciamentos judiciais que assola a
nação, esta dita rede globo “elegeu” (ato falho talvez) Luís Inácio Lula da
Silva (contra quem não há até agora uma única prova de crime cometido) como o
assunto preferencial das análises e verdades “isentas” e “inquestionáveis” de
sua vitrine midiática. A ele tem dedicado incontáveis minutos em todos os seus
telejornais (fielmente propagandeados e reproduzidos por suas afilhadas regionais).
Em nenhum desses programas Lula
recebe elogios ou reconhecimento, muito menos a consideração devida a um ex-presidente
da República que, eleito e reeleito, deixou o cargo com 87% de aprovação. Ao
contrário, é cotidianamente tratado pelos repórteres, apresentadores e “opinadores”
globais como o inimigo número um da República, o marido cúmplice de uma
compradora de botes de lata e de pedalinhos, o responsável por todas as mazelas
que atingem os brasileiros, o pai da corrupção mundial, o judas a ser malhado...
No entanto, mesmo depois dessa
avassaladora campanha difamatória, de meses a fio de linchamento moral, de tantos
e tantos “esclarecimentos” no jornal nacional, eis que Luís Inácio aparece
liderando as intenções de voto para a Presidência da República, em pesquisa do
conhecido Instituto Datafolha, de propriedade do jornal “Folha de São Paulo”.
O QUE SERÁ QUE ISSO SIGNIFICA?
Que o povo não é bobo e que hoje muitos já sabem que a rede globo mente?
Talvez esta seja apenas uma
primeira e óbvia conclusão frente aos dados da pesquisa. Um olhar mais atento
poderá neles perceber um contraponto aos tão repetidos procedimentos da
plutocracia nacional quando em defesa dos próprios interesses. Um comportamento
novo que expõe as marcas da experiência vivida pelas classes trabalhadoras nos
últimos 13 anos. Aprenderam a dizer não. DE NOVO, NÃO. O que se quer é mais, não menos.
Hoje sabem os trabalhadores que,
em seu ”reino idealizado”, a burguesia só os quer se for a serviço. Sabem
também que atrás do processo movido contra a Presidenta da República o que se
esconde é uma tentativa de aniquilamento dos avanços obtidos na área dos
direitos sociais durante os governos Lula e Dilma.
E sabem, ainda, que a tal “ponte
para o futuro”, proposta por Michel Temer (PMDB) e seus cúmplices do DEM e do
PSDB, será, na verdade, um muro a separar os que sobre ela passam dos que sob
ela vivem.
Assim, o novo não é o conflito de
interesses, que este existe há 500 anos nestas plagas. O novo é a determinação
crescente de resistir aos ataques contra a democratização da vida. Por isso,
independente da decisão dos senhores deputados no domingo, 2016 não repetirá
64.
MARIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário