Professora que estás na rua, hoje é teu dia.
Mas não te trago flores, nem bombons ou poesias. Sei que perfumes,doces ou rimas não vão amenizar o desânimo presente nos outros 364 dias do teu ano.
Mas não te trago flores, nem bombons ou poesias. Sei que perfumes,doces ou rimas não vão amenizar o desânimo presente nos outros 364 dias do teu ano.
O que queres e precisas é respeito.
Respeito dos que te querem calada e sem partido, como se alguém pudesse ser professora calada e sem partido.
O que queres e precisas é respeito.
Respeito daqueles que, ignorando teu cansaço, te elogiam em belos discursos e te negam as condições para uma vida digna.
Sabem eles, professora, que te impedindo de ser a profissional que teus alunos desejam e merecem, mais longo será o caminho para chegarmos à transformação da dura realidade em que estamos mergulhados. E mais tempo terão eles para permanecer onde estão.
Mas sabemos nós, professora, que só vencendo a descrença em tudo e em todos, inclusive em ti mesma, terás força para reconstruir os caminhos quantas vezes forem necessárias. Ou, como disse o Galeano um dia, não haverá caminhos... Nem professoras.
Sabemos nós também, professora, que das lições por ti ensinadas, as mais importantes não são aquelas da lista de conteúdos. São as que mostram como buscar o sonho escondido no meio do pesadelo, como lutar para construir uma sociedade justa, onde a riqueza seja igualmente partilhada e o ser humano possa ser melhor e mais feliz.
Acreditando que, mesmo perplexa e dolorida, não calarás tua voz, rasgarás tua lista de conteúdos e tomarás sempre o partido dos índios das mãos decepadas, dos trabalhadores sem-terra encarcerados em penitenciárias de segurança máxima, dos jovens pobres (negros e brancos) assassinados pelo Estado diariamente nas periferias, dos milhões de desempregados pelo golpe em curso no Brasil e de todos os oprimidos nos muitos cantos do mundo, hoje te trago o único presente que queres e precisas.
MEUS RESPEITOS, Professora que estás na rua.
MARIA
15 de outubro de 2017
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