quarta-feira, 31 de março de 2021

OS FANTASMAS FARDADOS DE 64

São de conhecimento público os horrores relacionados ao período do regime militar instaurado no Brasil com o golpe de 1964. Horrores esses referentes especialmente à esfera dos direitos humanos, mas não só.
Quando saiu pela porta lateral do Palácio do Planalto, porque se recusou a participar da posse do civil que o substituiria, o último general-ditador deixou atrás de si um país com o maior índice de inflação de sua história até então. Deixou também a maior dívida externa do mundo e uma renda per capita em queda acelerada. Milhões de jovens sem direito ao Ensino  Médio da Educação Básica. Um  "bolo" crescido e nunca repartido. Além disso,  deixou pronto o projeto autoritário de transição conservadora "lenta, gradual e segura", feita "pelo alto".
Nas ruas já estavam de novo as classes trabalhadoras, o movimento estudantil e, até mesmo, a classe média liberal. A palavra Greve, por tanto tempo apenas sussurrada, espalhava-se outra vez nos ventos provocados pela reorganização dos oprimidos. MST, CUT, PT, CHICO MENDES, LULA, AILTON KRENAK eram as letras daquela hora.
A história seguiu e são bem conhecidos os caminhos percorridos. Hoje, em seu afã de não permitir qualquer partilha, a elite escravagista brasileira, submissa aos "senhores do império",  não só estacionou o país com o golpe de 2016 e a prisão de Lula, como embarcou a sociedade nacional inteira em um trem desgovernado que volta ao passado numa velocidade assustadora.
O trem é conduzido por um capitão da morte que, ao cercar-se dos fantasmas fardados de 64, tem por objetivo garantir seus próprios interesses familiares como também consolidar por aqui a visão de mundo da extrema direita internacional.
Enganam-se aquelas e aqueles que supõem a chegada da Força para muito em breve. Já veio a Força - censura, perseguição e intervenção estão correndo soltas nos mais diversos espaços públicos. Os Sem-Terra, os Índios, as Periferias, as Lutadoras e os Lutadores Sociais, estão sendo assassinados todo dia. O vírus está livre para levar milhares. A riqueza nacional escorre pelos ralos da privatização. Os empregos e os salários desapareceram. A fome avança. Opressão, é o nome dessa Força.
Por tudo isso, as quarteladas que nesse 31 de março celebram 1964, à revelia da Constituição de 88, nada mais são do que sinais de força. Bruta.. Um soco no estômago. Um chute no fígado. Uma cuspida na cara... da dor. A dor de lembrar das crianças esquálidas das escolas públicas que só ganhavam merenda, nos dias da "hora cívica", se tivessem ficado estáticas enquanto aquela bandeira defensora da ordem e do progresso subia pelo mastro. Ainda que a ordem fosse a que  humilha  maiorias em prol do progresso de uns poucos.
Que se conte esta história.
Para que não se repita.
Porque DITADURA NUNCA MAIS.


                                                                             MARIA