sexta-feira, 19 de abril de 2024

A PRAIA GIRÓN

 

"Ao mirar a destruição do imperialismo, há que identificar  sua cabeça, que outra coisa não é senão os Estados Unidos da América do Norte" Ernesto Guevara


É possível olhar a Revolução Cubana como um processo de luta armada, liderada por Fidel Castro e companheiros, contra o regime ditatorial comandado por Fulgêncio Batista, durante a década de 1950. Um movimento guerrilheiro que conquistou a maioria do povo para o combate contra as condições de miséria, corrupção, censura e subserviência em relação aos EUA. E conseguiu instalar um governo que revolucionou a sociedade do país a partir de 1959.
No entanto, para realmente compreendê-la, é necessário olhá-la como a continuidade de uma  marcha revolucionária que começou por volta de 1868 nas lutas contra a dominação espanhola e que sempre propôs transformações radicais na estrutura econômica, social e política da Ilha.
No início da década de 1960, encontraram-se na mesma esquina o ontem secular e aquele hoje tão novo para traçar um amanhã. E avançar em direção à  transformação do mundo.
Em 1961, decorridos dois anos da libertação concretizada em 1959, feita uma reforma agrária radical em 1960, dedicavam-se os cubanos a enfrentar, também radicalmente, os desafio da educação popular. Começaram pela alfabetização dos jovens e adultos do campo e da cidade. Nas  cidades, o índice de analfabetismo era, então, de 25% entre os maiores 15 anos. No campo, esse índice era de 40% para a mesma faixa etária. Ao fim de um ano do empenho gigante, o índice geral de alfabetização dos maiores de 15 anos no país chegava a 96%.
Mas, enquanto isso, a guerra não tinha acabado. Os ataques do império norte-americano continuavam sistematicamente, explícitos ou disfarçados.
Em janeiro daquele ano, o governo dos EUA rompeu relações diplomáticas com Cuba, depois de ter passado dois anos boicotando sua economia.
Em abril, no dia 13, aviões norte-americanos, vindos da Nicarágua e pilotados por mercenários ianques e  cubanos, bombardearam Havana. Dia 15, Santiago de Cuba. E Havana de novo.
No dia seguinte, Fidel afirmava publicamente: "O que não nos é perdoado pelo império é o fato de existirmos e, debaixo do nariz deles, termos feito uma Revolução Popular e Socialista". Estava proclamado o caráter socialista da revolução guerrilheira e popular dos cubanos.
Não tardou a resposta dos EUA a uma ousadia tamanha. Menos de 24 horas depois da declaração de Fidel, um exército mercenário, aglutinado e treinado pela CIA, desembarcava na costa sudoeste da Ilha, numa praia chamada Girón, na Baía dos Porcos. Dali avançaria por terra até a capital, sabendo que o exército nacional de Cuba não tinha tamanho para enfrentá-lo. Em breve estaria derrotada  a tal "Revolução Popular e Socialista".
O que não esperavam os invasores era a resistência civil do povo cubano que, unida ao exército oficial, conseguiu derrotar e expulsar do seu território os soldados, os tanques e os aviões do poderoso inimigo. Em 72 horas.
Assim, no dia 19 de abril de 1961, comemoraram os revolucionários sua vitória na Batalha da Praia Girón, que passou à História como cenário da primeira derrota do imperialismo norte-americano no Caribe, na América Latina e no Mundo.
Coincidentemente, a segunda derrota do "grande irmão do norte" viria igualmente no correr de um abril, o de 1975, na Ásia distante, quando um outro exército, também guerrilheiro e popular , o venceu no Vietnã.
                                                                               

                                                                                             MARIA

quarta-feira, 10 de abril de 2024

GREVE



"VOCÊ CORTA UM VERSO,
  EU ESCREVO OUTRO.
  DE REPENTE, 
  OLHA EU DE NOVO.
  PERTURBANDO A PAZ,
  EXIGINDO O TROCO. 
  OLHA AÍ,
  AI QUE MEDO, 
  VOCÊ TEM DE NÓS..."
Pesadelo, 1972
Paulo Cesar Pinheiro, Paulinho Tapajós

Nos idos do século XVIII, Grève era o nome de uma praça localizada na zona portuária de Paris, às margens do Rio Sena. Não tinha árvores, nem bancos, só um chão de areia grossa , coberto de gravetos. Daí seu nome. Nela costumavam reunir os miseráveis da cidade em busca de um trabalho. Porque lá apareciam seguidamente empregadores procurando "mão-de-obra" barata. 
Na época da Revolução Burguesa de 1789, começaram também a reunir no local trabalhadoras e trabalhadores que protestavam contra as terríveis condições de exploração em que viviam os assalariados e assalariadas da França. Foi um berço de lutas La Grève . Muitas ainda necessárias nos tempos que correm. Naquele período servia, ainda, a praça , para execuções e suplícios públicos de condenados.
Nos dias de hoje, La Grève não se chama mais assim, não tem nenhum monumento que assinale sua origem e não consta dos roteiros turísticos da capital francesa. Tentativa, entre tantas espalhadas pelo mundo, de tornar invisível a luta social, apagando os vestígios da história.
Além deste apagamento físico, a razão neoliberal, imperante no mundo contemporâneo, gosta de dizer que uma greve "pode" ser feita porque é um direito estabelecido constitucionalmente. Mente a razão neoliberal.. A greve possível  para "alguns"  no agora só chegou até à norma constitucional  porque "pôde" antes. Mesmo não podendo. E só  pôde pela valentia, pela rebeldia, pela consciência da necessidade, pela vontade de "mudar as coisas". De muitas e muitos. Aliás, todas as grandes conquistas das classes oprimidas no mundo são fruto das lutas proibidas ao longo dos séculos XIX e XX .
No Brasil, por exemplo, nestes tempos de greves garantidas pela Constituição de 1988, mas de consolidação do projeto neoliberal, mais perdeu do que ganhou a classe trabalhadora.
Assim, é possível afirmar que, na verdade, a greve é um direito humano universal só garantido pela força de quem luta. Desse modo pensavam os negros escravizados  do visconde de Mauá, lá na Bahia de 1856. E os escravizados trabalhadores que construíam a pirâmide de Kheóps,  cerca de 2500 anos anos antes da era cristã. 
                                             ALLONS LA GRÈVE, CAMARADES

                                                                           MARIA

segunda-feira, 11 de março de 2024

SE A CIDADE FOSSE NOSSA

 

" A gente tem fome de quê?
  A gente não quer só comida,
  A gente quer comida, diversão e arte.."
  TITÃS, 1987


" Se a cidade fosse nossa" é o nome de um livro, lançado em 2023. Escrito por Joice Berth, arquiteta e urbanista, destacada militante feminista e antirracista do Brasil contemporâneo. Nele, a autora nos conta a história da formação das cidades brasileiras desde os tempos coloniais, revelando o quanto foram erguidas para a segregação. De classe, de cor, de gênero, dos "diferentes". Segregação esta que, naturalizada ideologicamente pela classe social opressora, teima em se perpetuar.
Vai além, Joice Berth. E propõe a luta por uma cidade que, invertida a ordem até aqui estabelecida, se reerga para a congregação. E se torne um  espaço de partilha. De saberes, de quereres e de poderes. Onde o direito de nela estar seja, outrossim, o direito de estar bem. Não só garantido para quem a vive hoje, como também às gerações futuras. Será então erguida a cidade capaz de mitigar as diferentes fomes de seu povo.
Aquela fome primeira, que vem do estômago e esgota o corpo inteiro. Ela voltou a ser sentida por significativa parcela da população brasileira depois do golpe contra a Presidenta Dilma, em 2016. 
E aquelas fomes outras, só percebidas quando o estômago não dói por estar vazio. Fome de aprender e ensinar, fome de rir e brincar, fome de teto e emprego. Fome de participação e de poder de decisão.
Entre tantas outras.
Vale ouvir  Joice Berth, lendo o livro.
Porém, vale ouvir, ainda, a voz da juventude que vive a cidade. Trabalhando, estudando, lutando, festando, PENSANDO.
Ouçamos, pois.


                                                                                                MARIA
   


                                                          " E SE A CIDADE FOSSE NOSSA..."

Rio Grande não é só a cidade da maior  praia do mundo, do bauru e dos ônibus lotados. Do sacrifício de quem sai todos os dias para trabalhar, estudar e ter a sensação de que parte da sua vida está ficando pelo caminho.
Rio Grande não é só da especulação imobiliária, onde viver fica cada dia mais caro. Também não é da falta de saneamento e saúde, da insegurança das ruas, do descaso com o meio ambiente, do abandono nos bairros e da falta de professoras nas escolas.
Nossa cidade é muito mais do que essa sujeira!
Afinal, a cidade somos NÓS! 
Nós que trabalhamos, estudamos e somos a vida e a alma dessa terra. E se somos a cidade, é mais do que justo que a cidade seja NOSSA. 
Rio Grande pode ser do tamanho dos nossos sonhos, basta desse sentimento de medo e de impotência. É chegada a hora da gente construir - nós mesmos - a cidade que queremos.
No bairro onde moras, há espaços públicos de cultura, esporte e lazer?
Para ir ao trabalho, à escola, à faculdade ou à festa, quanto tempo ficas na parada, esperando o ônibus?
Andar por aí sem medo, independente da hora ou lugar. Fazer uma festa na praça, contar com transporte digno, poder decidir o que é melhor para o teu bairro. Tudo isso é DIREITO À CIDADE.
Direito à Cidade é um direito humano e coletivo, que diz respeito tanto a quem nela vive hoje  quanto às futuras gerações. É um compromisso ético e político de defesa de um bem comum essencial a uma vida plena e digna em oposição à mercantilização dos territórios, da natureza e das pessoas.
Em 2024, as eleições municipais nos darão oportunidade de, através do voto, definir o futuro das políticas públicas da cidade.
Tira ou regulariza teu título e participa da construção do teu futuro.
VAMOS PENSAR A CIDADE QUE A  GENTE QUER?

                                                                                                   RUAN ESTABEL

 


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

OLÍVIO DUTRA - LIÇÃO DE LUTA

Figura fisicamente frágil, cabeça grisalha quase branca, vagareza no andar, certo ar distraído, despertando vontades. De dar o braço, de ajudar a subir, de alcançar uma água, de abrir o caminho, de fazer um afago.
Quando chega, primeiro olha e escuta. E anota, o que escuta e vê. Não chama atenção. Ao contrário, presta atenção. Mesmo parecendo que não. Está dada a primeira lição. Ele próprio o conteúdo.
Quando fala, com a singeleza só encontrada na sabedoria, do que fala Mestre Olívio?
Primeiramente, vai lembrando a quem o ouve do compromisso primordial da esquerda com o internacionalismo da luta.. Sem hesitação, sem meias-palavras. Solidariedade incondicional aos oprimidos, combate incessante aos opressores. Sempre.
Depois, fala lindamente da importância da democracia até aqui conquistada, da sua incompletude, da necessidade de ampliá-la e aprofundá-la, na sociedade e no Partido. Aqui , enfatiza que companheiras e companheiros com mandatos são nossos representantes, não são nossos substitutos no poder de decisão. Aponta a radicalização da democracia participativa como objetivo a ser alcançado.
Reconhece os erros e as insuficiências do já feito. Afirma que é preciso avançar na organização da classe trabalhadora e na justiça tributária, ao resgatar o OP.
Destaca o significado do Parlamento e o papel das bancadas de esquerda dentro dele. Recomenda contestação ao individualismo e ao personalismo com que o capitalismo neoliberal dominante tem nos contaminado. Nas práticas partidárias, nas políticas públicas propostas, nos movimentos populares e sindicais.
Não diz, mas deixa ver que ainda tem esperança. Se não tivesse, não continuava andarilhando por aí.
Quando se vai, a gente percebe o inverso do percebido  no início. Quem dá o braço é ele. Quem ajuda a andar e a saber é ele. O necessário copo d' água também é ele a oferecer. E ainda mostra o caminho.
Frágeis, vagarosos, distraídos e sem vontade de mudar as coisas  estamos nós.



                                                                                                        MARIA

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

FAZENDO O TEMPO DE ADIANTE



 "OS PASSOS PARA TRÁS NEM SEMPRE SÃO UM RETROCESSO"
 PALAVRAS NO MURO


O andar cada vez menos crítico da esquerda  contemporânea, moderadíssima em sua concepção de luta,   e em grande parte institucionalizada em Partidos, Movimentos Sociais, Mandatos Parlamentares ou Mandatos Executivos, tem trocado a reflexão coletiva, só ela capaz de dar consistência ao caminho, por uma prática política ajustada, acomodada, ao "espírito " do tempo, sempre justificada por urgências e emergências. Esta é uma constatação corrente entre aquelas e aqueles que se negam ao cabresto do pensamento único e continuam refletindo sobre as razões da realidade social deste XXI.
No entanto, para o enfrentamento eficaz dos desafios colocados, não é só a ação direta que precisa ser resgatada, há que resgatar também  a reflexão teórica. Porque só um encontro bem sucedido entre o compromisso ativista de estar e a compreensão intelectual das razões deste estar vai qualificar a inserção das organizações de esquerda  nos diferentes espaços políticos.
O projeto neofascista do inominável governo federal anterior, chegado ao poder por um golpe jurídico-midiático, e derrotado eleitoralmente em 2022,  no que tange ao poder executivo central, permaneceu organizado, forte e vitorioso no parlamento nacional, na maioria dos governos e parlamentos estaduais e municipais. Desafiando, boicotando, e sitiando LULA III o tempo inteiro.
A tentativa, dita fracassada, do 8 de janeiro não foi tão fracassada assim. Seus mentores, financiadores, articuladores e incentivadores, entre eles a cúpula da forças armadas, o agro-pop, os organizadores das milícias digitais, os bacanas da Faria Lima e a própria besta-fera e sua família, continuam soltos e fazendo política. Ingenuidade pura acreditar, e divulgar, que "a justiça tarda mas não falha". Tarda e falha, em toda sociedade dividida em classes. Por isso,  comemorar nossa "democracia inabalada" sem denunciar que  golpes continuam sendo dados ou tentados cotidianamente contra o povo brasileiro , é apenas propagar uma ilusão que acentua a desmobilização popular e o analfabetismo político.. Porque, embora bastante significativos,  não basta a restauração dos símbolos arquitetônicos dos "três poderes" e, nem mesmo a continuidade do funcionamento oficial de cada um, para que se possa considerar "inabalada" nossa democracia.
A continuação abusada da violência contra os povos indígenas e os camponeses do MST, a resistência do garimpo ilegal em abandonar territórios por ele ocupados, o prosseguimento do genocídio policial nas periferias urbanas, a destruição dos serviços públicos nos Estados e Municípios, entre tantos outros ataques, não abalam a democracia.? Eles serão intensificados em 2024, que não se duvide disso. Mas não serão a pedra maior colocada nesta trilha. A montanha a vencer está dentro de nós. Para que se possa ir além .
Resgatada de si mesma, a esquerda poderá deixar de ir às ruas apenas para ganhar eleições e "administrar melhor o capitalismo". Voltará às praças e aos becos  para subverter a ordem do capital, hoje vitoriosa globalmente. Uma vez que é seu compromisso/semente  contribuir para o avanço da consciência de classe dos precarizados  do mundo. Compromisso que exige um "cuidado" com as vozes levantadas. Fortalecê-las no debate coletivo é condição para que não se percam nem se contaminem em meio ao vozerio neoliberal predominante. Porque é com a bagagem que trazem dentro que lutadoras e lutadores sociais vivem seu hoje histórico  e deixam montado um cenário para o  tempo futuro.
O tempo de agora fazendo o tempo de adiante. 



                                                                                         MARIA



 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

OS LANCEIROS NEGROS

 

"SABER É O PRIMEIRO PASSO EM DIREÇÃO AO COMBATE"
                                     PALAVRAS NA CERCA   


LULA sancionou, no último dia 5 de janeiro, a LEI 14.795/24, proposta pelo Senador Paulo Paim, que inscreve "os lanceiros negros do RS" no "Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria", como parte de uma reparação  histórica bem mais abrangente do que uma simples homenagem àqueles soldados que lutavam bravamente por sua própria liberdade, traídos e assassinados pelo conluio entre o império do Brasil e a classe dominante sul-rio-grandense, lá nos idos de 1845. Vai além, porque também traz, nas entrelinhas, o reconhecimento oficial do Estado do Brasil à contribuição basilar de negras e negros na construção da sociedade brasileira. E ainda chama a atenção para o racismo estrutural que nublou por muito tempo a produção historiográfica do RS. E, eventualmente , permanece por aí.
Na maior parte das vezes, a grande rebelião de 1835 foi, e continua sendo, chamada de Revolução Farroupilha. Mas Revolução não foi. Porque Revolução é um Movimento que tem por objetivo subverter a ordem sócio-econômica estabelecida. E os latifundiários do Rio Grande do Sul não queriam subverter a "ordem" instalada nestas plagas. Não queriam dividir a terra, não queriam o final da escravidão, nem devolver o gado chimarrão aos guaranis, nem abrir mão de quaisquer privilégios de classe. Só queriam garantir direitos que consideravam "seus" e não estavam sendo respeitados pelo poder imperial.
O mais comum dos tropeços historiográficos cometidos por aqui é, sem dúvida, a não inserção da "guerra dos farrapos" no processo mais amplo que foi a chegada do liberalismo ao Brasil, no alvorecer do XIX. O que leva, consequentemente, ao "esquecimento" de que, naquele mesmo período, explodiram rebeliões semelhantes  no  país inteiro, todas fruto da insatisfação das camadas economicamente dominantes nas províncias brasileiras. Uma defesa intransigente do Federalismo pelo inconformismo geral dos "proprietários" com o protecionismo dado ao cafeeiros do Sudeste pelo governo central. Seguindo os ventos soprados, já na época, pelo grande "irmão" do Norte.  Foram todas vencidas pelo Império. Faltou-lhes gente para o combate. Porque não ousaram colocar armas nas mãos dos contingentes escravizados. Podiam ser viradas contra eles. Preferiram acordos costurados nos gabinetes aos riscos de uma revolução social. Na chamada  República de Piratini parecia diferente. Os trabalhadores escravizados foram chamados à luta, a "palavra de honra" dos caudilhos sulistas assegurava liberdade no fim do caminho, para quem sobrevivesse. Na hora final, no entanto, bem sabemos de Porongos.
A manipulação da história é instrumento de dominação  bem conhecido e tem sido utilizada desde os primórdios da sociedade dividida em classes. Fazer o contraponto, divulgando  a história real - porque devem ser chamados de heróis os negros entregues por  Canabarro à sanha de Caxias ou porque o 20 de novembro deve mesmo ser  feriado nacional , por exemplo, - é compromisso de todas, todes e todos que lutam por uma sociedade justa. COMUNISTA.
                                                                                             
                                                                                   MARIA