segunda-feira, 11 de março de 2024

SE A CIDADE FOSSE NOSSA

 

" A gente tem fome de quê?
  A gente não quer só comida,
  A gente quer comida, diversão e arte.."
  TITÃS, 1987


" Se a cidade fosse nossa" é o nome de um livro, lançado em 2023. Escrito por Joice Berth, arquiteta e urbanista, destacada militante feminista e antirracista do Brasil contemporâneo. Nele, a autora nos conta a história da formação das cidades brasileiras desde os tempos coloniais, revelando o quanto foram erguidas para a segregação. De classe, de cor, de gênero, dos "diferentes". Segregação esta que, naturalizada ideologicamente pela classe social opressora, teima em se perpetuar.
Vai além, Joice Berth. E propõe a luta por uma cidade que, invertida a ordem até aqui estabelecida, se reerga para a congregação. E se torne um  espaço de partilha. De saberes, de quereres e de poderes. Onde o direito de nela estar seja, outrossim, o direito de estar bem. Não só garantido para quem a vive hoje, como também às gerações futuras. Será então erguida a cidade capaz de mitigar as diferentes fomes de seu povo.
Aquela fome primeira, que vem do estômago e esgota o corpo inteiro. Ela voltou a ser sentida por significativa parcela da população brasileira depois do golpe contra a Presidenta Dilma, em 2016. 
E aquelas fomes outras, só percebidas quando o estômago não dói por estar vazio. Fome de aprender e ensinar, fome de rir e brincar, fome de teto e emprego. Fome de participação e de poder de decisão.
Entre tantas outras.
Vale ouvir  Joice Berth, lendo o livro.
Porém, vale ouvir, ainda, a voz da juventude que vive a cidade. Trabalhando, estudando, lutando, festando, PENSANDO.
Ouçamos, pois.


                                                                                                MARIA
   


                                                          " E SE A CIDADE FOSSE NOSSA..."

Rio Grande não é só a cidade da maior  praia do mundo, do bauru e dos ônibus lotados. Do sacrifício de quem sai todos os dias para trabalhar, estudar e ter a sensação de que parte da sua vida está ficando pelo caminho.
Rio Grande não é só da especulação imobiliária, onde viver fica cada dia mais caro. Também não é da falta de saneamento e saúde, da insegurança das ruas, do descaso com o meio ambiente, do abandono nos bairros e da falta de professoras nas escolas.
Nossa cidade é muito mais do que essa sujeira!
Afinal, a cidade somos NÓS! 
Nós que trabalhamos, estudamos e somos a vida e a alma dessa terra. E se somos a cidade, é mais do que justo que a cidade seja NOSSA. 
Rio Grande pode ser do tamanho dos nossos sonhos, basta desse sentimento de medo e de impotência. É chegada a hora da gente construir - nós mesmos - a cidade que queremos.
No bairro onde moras, há espaços públicos de cultura, esporte e lazer?
Para ir ao trabalho, à escola, à faculdade ou à festa, quanto tempo ficas na parada, esperando o ônibus?
Andar por aí sem medo, independente da hora ou lugar. Fazer uma festa na praça, contar com transporte digno, poder decidir o que é melhor para o teu bairro. Tudo isso é DIREITO À CIDADE.
Direito à Cidade é um direito humano e coletivo, que diz respeito tanto a quem nela vive hoje  quanto às futuras gerações. É um compromisso ético e político de defesa de um bem comum essencial a uma vida plena e digna em oposição à mercantilização dos territórios, da natureza e das pessoas.
Em 2024, as eleições municipais nos darão oportunidade de, através do voto, definir o futuro das políticas públicas da cidade.
Tira ou regulariza teu título e participa da construção do teu futuro.
VAMOS PENSAR A CIDADE QUE A  GENTE QUER?

                                                                                                   RUAN ESTABEL