sexta-feira, 15 de outubro de 2021
sexta-feira, 8 de outubro de 2021
RETALHO DE MEMÓRIA - I
ATÉ A VITÓRIA, COMANDANTE
terça-feira, 28 de setembro de 2021
MIL DIAS
Um país religado com seu passado ditatorial militarizado e, paralelamente, mergulhado em um presente mundial especialmente desastroso, do ponto de vista da classe trabalhadora, porque a está sujeitando inteiramente aos imperativos do capital. Eis a realidade do Brasil no milésimo dia do governo Bolsonaro, recentemente completados e resultado, ele mesmo, dessa realidade construída internacionalmente pelo capital em sua fase neoliberal. Como bem disse ontem o Prof. Emir Sader, "os piores mil dias das nossas vidas". Lamentável que tantos, até agora, não tenham consciência do conjunto de fatores que nos trouxeram a este hoje cor de chumbo. No entanto, as chagas sociais provocadas por um tal projeto de mundo estão expostas por todos os lados, em todos os continentes. Talvez no Palácio do Planalto Central Brasileiro a maior, a doer nas costas de cada pobre do país e a servir de exemplo para o que de pior existe no mundo.
Globalmente, acentua-se a brutalidade no trabalho dos mineiros e dos industriários para que parcela significativa da humanidade porte um smartfone e possa ser cotidianamente inoculada com uma forte dose de manipulação ideológica.
No mundo e no Brasil, nos mais diversos setores produtivos e de serviços, é perceptível o avanço da exploração máxima da "mão-de-obra", embora não seja perceptível aos "que vagam cegos pelo continente" a presença humana dentro da mão e da obra.
No mundo e no Brasil, multiplicada assustadoramente e garantida por "leis", espalha-se a precarização do trabalho e da classe trabalhadora. Condições sub-humanas, assédios, salários miseráveis, ataques ferozes ao movimento sindical, repressão policial às resistências localizadas, são retratos da atualidade.
No mundo e no Brasil, os espaços de trabalho tornam-se, majoritariamente, focos de insegurança, humilhação, desalento, adoecimento, contaminando inevitavelmente, todas as outras esferas da vida social - familiar, cultural, política.
Esta barbárie da ordem sócio-econômica vigente, os desastres ecológicos por ela produzidos, o inaceitável abismo entre a imensa riqueza de poucos e a gigantesca pobreza de muitos, a opressão de gênero e de etnia, diuturnamente reforçados, a "guerra híbrida" em que nos joga permanentemente o "império", estão a exigir um contraponto.
Frente à fragmentação que desagrega, soprada pelo Vento Norte, há que se responder, ventando do Sul, com a defesa radical da unidade na luta, que não pode ser reduzida a estilhaços dispersos. Só ela será capaz de agregar as forças necessárias à Resistência.
Frente à mercantilização generalizada, que deformou o cidadão, reduzindo-o à condição de consumidor (do planeta?), e sabendo que as benfeitorias atribuídas ao mercado não compensam seus crimes, há que se responder com a defesa radical de uma economia solidária que partilhe o pão e a renda, buscando o pagamento da dívida que a sociedade tem com as produtoras e produtores da riqueza planetária, aqui partícipes os povos originários.
Frente à possibilidade de que este tempo de horrores seja prolongado por bem mais do que mil dias, tendo em vista a permanência dos propósitos capitalistas, há que se responder com propósitos revolucionários. Podem não estar postas as condições objetivas para que a Revolução Social aconteça hoje. Mas é dever da esquerda estar a postos para intervir em prol da construção de tais condições - só assim, um dia será possível.
Mas quais propósitos podem ser considerados revolucionários neste XXI tão reacionário, tão retrocedido em relação ao pensamento crítico, tão viciado na tirania burguesa fantasiada de institucionalidade, tão contaminado pela desfaçatez personalista?
De pronto, talvez fosse bom propor aos quatro ventos a luta pela superação da democracia liberal burguesa, fazendo avançar a luta pela radicalização da democracia participativa direta em esferas cada vez mais amplas, tornando-a política em todos os espaços coletivos ocupados. Seria um primeiro passo em direção à desconstrução do aparelho burguês de dominação. Orçamento Participativo em tudo, inclusive nas instâncias partidárias. - Tribunas Populares, Conselhos, Consultas Populares, Construção Coletiva de Programas e Compromissos. Daria trabalho. Mas seria Revolucionário. Afinal, assumir uma Direção Estudantil, uma Direção Sindical, uma Prefeitura, um Mandato Parlamentar, um Governo Estadual, o País, para quem quer ser revolucionário um dia, só tem sentido, só se justifica, se for para torná-los espaço de Contraponto à ordem estabelecida pelas classes opressoras.
MARIA
quarta-feira, 21 de julho de 2021
LIBERDADE PARA OS PASSARINHOS
Num mundo marcado pela "naturalização" da precariedade - do trabalho, da moradia, do transporte coletivo de massas, da acessibilidade aos diferentes espaços do existir - chega-se facilmente à precarização do dia, à precarização da vida. Não de todos, mas das maiorias.
A aparência de normalidade das perversas desigualdades nas condições de vida dos que "habitam" uma mesma cidade tem levado a uma acomodação nos comportamentos, a uma anestesia das vontades, como se não pudesse ser diferente. Mas pode.
Longe de significar apenas "o asfalto da rua" ou "o preço da passagem", falar sobre mobilidade urbana significa denunciar que a segregação social é a razão que define, no tempo e no espaço da cidade, para quem a vida pode ou não pode ser boa.
Habitar quer dizer como se dorme, como se anda, como se respira, como se alimenta, como se está no mundo. Nas sociedades capitalistas, é a condição geográfica de classe.
Mobilidade urbana não é uma questão "de gestão". È uma questão política. Trata-se do combate à especulação imobiliária, à privatização dos espaços públicos, à exploração econômica do transporte coletivo, à seletividade do saneamento básico e à muito mais. Mas, sobretudo, trata-se de combate ao modo de vida capitalista e de enfrentamento aos projetos da classe dominante, que organiza a vida urbana de acordo com seus próprios interesses.
Quando o tempo histórico não significar mais a tirania da exploração de classe, quando um dia , enfim, o capital for vencido, se um dia for, talvez a cidade possa ser então um espaço garantidor da dignidade humana e não o seu contrário, como tem sido até aqui.
Mergulhados na barbárie deste XXI, temos uma longa jornada a nos desafiar. Nosso grande PAULO FREIRE, que afirmava a alfabetização como "a capacidade de ler a realidade" e não como uma simples decifração de códigos linguísticos, nos oferece, entrelinhas, uma lanterna para iluminar o caminho: a necessidade de uma alfabetização urbanística, porque ninguém transforma o que desconhece.
"Que CONSTRUIR PARA HABITAR seja o nosso lema, porque a cidade que queremos está ainda por ser construída. Pode ser que nela, inclusive, as gaiolas sejam abertas e todos os passarinhos tenham, finalmente, garantido o seu direito de ir e vir livremente.
MARIA
domingo, 16 de maio de 2021
PARA QUE NÃO SE ESQUEÇAM
COMPANHEIRAS E COMPANHEIROS
Dia 19, quarta-feira próxima, a Setorial da Educação estará, de novo, fazendo um encontro na volta da nuvem como se fosse na volta do fogo. Um círculo de cultura como gostava Paulo Freire. Uma Roda de Conversa em que o tema será o mundo do trabalho. Sendo maio, não podia ser outro o assunto - dia do trabalhador, mês do aniversário do Marx, horas de tanto horror para desempregados e mal-empregados neste 2021.
Nosso objetivo, sabem todas e todos, é contribuir para o fortalecimento da luta contra o capital, lutando contra o retrocesso na participação coletiva, no pensamento crítico, na consciência de classe. Mesmo entre nós.
Entendendo que a institucionalidade não basta para uma vitória efetiva da classe trabalhadora, que a luta precisa da rua, queremos estar preparados quando chegar a hora.
Sabemos estar na contramão. Marchamos contra um tempo em que, segundo dizem, as pessoas não leem nem escrevem mais do que cinco linhas, não escutam mais do que cinco minutos e não olham cena alguma também por mais de cinco minutos. Porque a impaciência (ou será a exaustão?) impera. Mas, apesar de todos os sinais, de todos os alertas, de todos os avisos, de todos os "tolinhos" de desprezo, continuamos tentando - momentos, textos, imagens e vozes.
Por isso, chamamos. Para que estejam conosco neste esforço de continuidade da luta, RESISTINDO COM FORMAÇÂO POLÍTICA.
Quem chegou até aqui leu mais do que cinco linhas. Já está um pouco na contramão dos tempos. Pode ajudar a espalhar nosso chamado. Pode entrar na Roda e cirandar conosco. Pode compartilhar.
#QUEM LUTA COM VOCÊ É O PT
MARIA
domingo, 2 de maio de 2021
PARA QUE SE LUTE COM
Rio Grande, 30 de abril, 2021. Ao entardecer, reuniram-se virtualmente, em Assembleia Regional, trabalhadoras da Rede Estadual de Educação Básica. Os presentes eram em torno de cinquenta. A pauta em discussão era o retorno às aulas presenciais no próximo dia 3 de maio, por decreto do governo Eduardo Leite, do PSDB. O QUE FAZER? Era a pergunta que não queria calar. O medo de morrer contagiado pelo vírus perpassava as falas todas. E uma Organização Sindical que já lutou por Plano de Carreira, Piso Salarial, Condições de Trabalho, Qualidade Social para a Escola Pública, Democracia Participativa, Currículo Emancipatório, Unidade na Luta via Centrais Sindicais está, agora, enfrentando a necessidade de lutar pela Vida de seus associados. Literalmente. As manifestações primeiras demonstraram o que é sabido: a própria natureza do cotidiano escolar é favorável à disseminação da doença. Em um colégio há diariamente beijos e abraços, tapas e encontrões. Haverá gritos e máscaras no queixo. Haverá sussurros e máscaras no queixo. Haverá lanches e máscaras no queixo. Haverá lágrimas e máscaras no queixo. Como se chora de máscara? As avaliações proferidas só confirmaram esse conhecimento. As propostas apresentadas para que a luta seja levada variaram entre "continuidade da mobilização - sem greve já", "greve já" e "aguardar a audiência judicial da manhã do dia 3, jogando qualquer decisão para a Assembleia Geral. Postas em votação, a vencedora foi "greve já". Os pilares que sustentaram esta vitória podem ser encontrados no passado e no presente. No presente, a urgência do "não voltar". No passado, a tradição local de sempre levar ao Conselho Geral uma posição regional. Em nenhum momento foi levantada a questão da necessária UNIDADE DA LUTA, só ela capaz de alavancar uma resistência eficaz. Por isso, continua em aberto a discussão sobre o maior desafio a ser enfrentado pela classe trabalhadora hoje: como virar o jogo? Como sair da corda? Como transformar em nós esse amontado de eus, deserdados da terra, do pão, do trabalho, do prazer, da dignidade humana, da VIDA? Como anunciar o inédito viável, a possibilidade de vitória? PARA QUE NÃO SE LUTE POR. PARA QUE SE LUTE COM.
MARIA