quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

CPERS/SINDICATO, O IMPRESCINDÍVEL RESGATE

 

"Se insistirmos em continuar errando, de recuo em recuo, de concessão em concessão, ficará cada  vez mais difícil dar certo."         Prof. Valter Pomar, janeiro de 2025


É sabido que no momento presente o capitalismo neoliberal tem atacado com violência ímpar os instrumentos de luta da classe trabalhadora. Uma guerra ideológica que tem por objetivo, para além da subordinação dos corpos, a subordinação da vontade coletiva, garantindo, com isso, a continuidade da opressão classista. Acentuada.
O movimento sindical sentiu o golpe. Em todas as partes do mundo. Em todas as correntes de pensamento nele atuantes, Em todas as suas  esferas organizativas. A luta foi ficando moderada, respeitando todos os limites impostos pela ordem estabelecida, trocando o combate de massas pela resistência "heroica" de algumas lideranças, as ruas pelas salas dos tribunais e pelos gabinetes parlamentares. Pelo excesso de concessões ao senso comum do tempo histórico, acabou recuando. Ineficazes, até aqui, os caminhos escolhidos para enfrentar o projeto hegemônico.
O CPERS/SINDICATO não tem conseguido fugir dessa realidade. Nem mesmo sua tradição guerreira conseguiu impedir que, como a maioria, mergulhasse no pensar e no fazer neoliberais, ambos responsáveis pelo acelerado abandono do pensamento anticapitalista em todos os espaços de luta, pela falta de foco no eixo que importa, pelo rebaixamento das expectativas,  pelo oportunismo individualista em alta na sociedade do espetáculo, pelo ativismo politiqueiro/eleitoral que terceiriza o embate com o inimigo de classe. Responsáveis, enfim, por termos chegado ao ponto em que chegamos, para alegria dos donos do poder econômico.
Em contexto assim tão adverso, está assumindo a nova direção central da Entidade, composta por forças internas diversas, em busca de uma unidade capaz de dar conta do desafio gigante de inverter o jogo, sair da corda e construir um outro caminho para que se possa, de novo, andar e avançar. Durante a campanha, isso era dito discretamente por alguns componentes da chapa vencedora.
Mas os sinais ainda não são alvissareiros. Basta  um olhar atento sobre as publicações recentes no site oficial do Sindicato para que se perceba isso. Entre os eventos e notícias divulgados destacam-se o ato da posse em 21 de dezembro e o registro textual e fotográfico da primeira "reunião de planejamento" em 22/23 de janeiro.
Quanto ao momento da posse, obviedades e formalidades predominaram nas falas registradas. O clima festivo fazia lembrar das formaturas de Ensino Médio. Os parabéns recíprocos também. Nem um minuto de silêncio pela morte da carreira dos profissionais da educação. Ou em solidariedade às aposentadas e aposentados punidos por continuarem vivos. Ausência total de autocrítica no discurso da presidenta que saía. Ouvindo-a, ninguém diria do retrocesso na mobilização da base, do percentual reduzidíssimo de sócios que votaram na última eleição, das assembleias cada vez mais esvaziadas, da opressão retumbante sobre a escola pública por parte do governo estadual. A presidenta que chega agradeceu e elogiou veementemente a antecessora, reafirmou seu compromisso em dar continuidade à luta, mas  sem chegar ao x da questão em instante algum. Fez um chamamento à participação de todas e todos em prol do fortalecimento do Sindicato, segundo ela o objetivo principal da unidade das diferentes forças políticas representadas na chapa.
Quanto ao informe sobre a reunião "de planejamento", muito pouco elucidativo. Em uma nota  de apenas três parágrafos, citações da pauta - objetivos, análise de conjuntura, reafirmação de compromissos, defesa da escola pública - sem apresentação do teor, muito menos dos encaminhamentos. Para onde serão levadas suas conclusões, apenas para os Conselhos ou democratizadas em plenárias por núcleos para serem debatidas  e enriquecidas, não disseram. Da análise de conjuntura, então, nem sinal. Um primeiro grande equívoco, ao tirar da informação seu caráter  pedagógico, que só o aprofundamento oferece.
Para todas e todos que têm como horizonte uma sociedade socialista, nada mais contrário à natureza, ao âmago, às razões primeiras do movimento sindical do que sua subordinação disfarçada  ao pensar/fazer do capital. Porque no seio da classe trabalhadora o Sindicalismo se fez, ao longo dos séculos XIX e XX, justamente para combater a opressão classista combatendo os pilares que a sustentam. No chão da rua. Exaltação de "eus", cerimônias, desmobilização induzida pela inércia ou pelo chamado equivocado, decisões de cúpula sem debate amplo com a base, são práticas que com ele não combinam.
Talvez mais do que uma sede na praia, a ser usufruída por tão poucos, estejamos precisando investir em uma Escola de Formação Política, onde possamos resgatar nossa consciência DE CLASSE.

                                                                                           MARIA