quinta-feira, 13 de setembro de 2018

PARA QUE SERVE UMA PROFESSORA?

Na Modernidade, a sociedade entregou a tarefa de "educar formalmente" ao Colégio porque o mundo do trabalho assim o exigia. O modo de produzir a riqueza que então nascia (esse monstro que hoje chamamos capitalismo) precisava da escolarização de muitos. O mundo que surgia, com inéditas e complexas relações entre os humanos, só poderia consolidar-se com gerações "escolarizadas". Por isso, o Colégio. Aliás, dois colégios.
Um para os filhos da elite econômica, que precisavam aprender a mandar nessa nova conjuntura, onde os escravos receberiam "salário", aprendendo também a justificar teoricamente a exploração de humanos por humanos. Outro, para os filhos da classe trabalhadora, que precisavam aprender a ler os manuais de instrução e entender que no tal "mundo novo" o exigido era a velha obediência de sempre. Dois objetivos completamente distintos - ensinar a mandar (para alguns) e ensinar a obedecer (para a grande maioria) - dentro de um mesmo modelo institucional - um "templo"... do saber.
Para dar conta de tão significativa tarefa, contribuindo para a manutenção da ordem estabelecida, surgiu a profissão docente, inicialmente destinada a homens, de preferência ligados ao clero.
Séculos se passaram até que se chegasse à escola pública, aos professores e professoras leigos, às meninas nos bancos escolares, mas a função do Colégio permaneceu a mesma por todo o século XX.
Neste espaço, professoras e professores, que sendo trabalhadores, deveriam parecer missionários.Talvez com a mais pesada carga profissional entre todas - a de não sendo elite, representá-la, servi-la, reforçá-la. Para que a carregassem, algumas providências foram tomadas: uma formação teórica rasteira, um status de "salvadores", um dia "pra" chamar de seu, um salário miserável e a construção do mito da neutralidade educacional.
Esta realidade só continua não sendo percebida por causa da cegueira ideológica em que estão mergulhados os humanos contemporâneos. Contrapontos, rebeldias, experiências diferenciadas, com certeza existem. São exceções que só confirmam a regra. Mesmo a consciência política, que nas últimas décadas a luta sindical proporcionou a essas professoras e professores,  não conseguiu transformar-se em componente curricular. Por que será?

MARIA

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