"VOCÊ CORTA UM VERSO,
EU ESCREVO OUTRO.
DE REPENTE,
OLHA EU DE NOVO.
PERTURBANDO A PAZ,
EXIGINDO O TROCO.
EXIGINDO O TROCO.
OLHA AÍ,
AI QUE MEDO,
VOCÊ TEM DE NÓS..."
Pesadelo, 1972
Paulo Cesar Pinheiro, Paulinho Tapajós
Nos idos do século XVIII, Grève era o nome de uma praça localizada na zona portuária de Paris, às margens do Rio Sena. Não tinha árvores, nem bancos, só um chão de areia grossa , coberto de gravetos. Daí seu nome. Nela costumavam reunir os miseráveis da cidade em busca de um trabalho. Porque lá apareciam seguidamente empregadores procurando "mão-de-obra" barata.
Na época da Revolução Burguesa de 1789, começaram também a reunir no local trabalhadoras e trabalhadores que protestavam contra as terríveis condições de exploração em que viviam os assalariados e assalariadas da França. Foi um berço de lutas La Grève . Muitas ainda necessárias nos tempos que correm. Naquele período servia, ainda, a praça , para execuções e suplícios públicos de condenados.
Nos dias de hoje, La Grève não se chama mais assim, não tem nenhum monumento que assinale sua origem e não consta dos roteiros turísticos da capital francesa. Tentativa, entre tantas espalhadas pelo mundo, de tornar invisível a luta social, apagando os vestígios da história.
Além deste apagamento físico, a razão neoliberal, imperante no mundo contemporâneo, gosta de dizer que uma greve "pode" ser feita porque é um direito estabelecido constitucionalmente. Mente a razão neoliberal.. A greve possível para "alguns" no agora só chegou até à norma constitucional porque "pôde" antes. Mesmo não podendo. E só pôde pela valentia, pela rebeldia, pela consciência da necessidade, pela vontade de "mudar as coisas". De muitas e muitos. Aliás, todas as grandes conquistas das classes oprimidas no mundo são fruto das lutas proibidas ao longo dos séculos XIX e XX .
No Brasil, por exemplo, nestes tempos de greves garantidas pela Constituição de 1988, mas de consolidação do projeto neoliberal, mais perdeu do que ganhou a classe trabalhadora.
Assim, é possível afirmar que, na verdade, a greve é um direito humano universal só garantido pela força de quem luta. Desse modo pensavam os negros escravizados do visconde de Mauá, lá na Bahia de 1856. E os escravizados trabalhadores que construíam a pirâmide de Kheóps, cerca de 2500 anos anos antes da era cristã.
ALLONS LA GRÈVE, CAMARADES
MARIA
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