quarta-feira, 10 de abril de 2013

"A mulher mais importante do século XX"

Segundo uma comentarista do noticiário matinal da Rede Globo de Televisão, "Margaret Thatcher foi a mulher mais importante do século XX". Importante para quem, ela não disse. Importar, verbo transitivo, exige um complemento. Diante do jornalismo "imparcial" da referida senhora, vale lembrar a quem foi útil (e daí importante) a "dama de ferro" inglesa, recentemente falecida. Às mulheres do mundo? Aos trabalhadores de algum continente? Ao povo pobre do seu país? Ao meio-ambiente?
Margaret Thatcher foi única e exclusivamente útil ao capital. Liderou o processo de mergulho da humanidade na lama neoliberalista contemporânea. Roubou de milhões de seres humanos direitos conquistados a ferro e fogo. Junto com Ronald Reagan dos EUA, mostrou às elites políticas do planeta, servidoras do capital, como é que se faz. Foi mestra, teve seguidores exemplares. Depois dela, e deles, a precarização das relações de trabalho, a "flexibilização" da economia global, a  despolitização da política (os governos pós-políticos), a aceleração da degradação ambiental. Tudo perpassado pela construção ideológica para a qual também contribuiu com sua ação política: de que o caminho é único, de que a melhor imagem é a que está na tela, de que Estado bom é Estado mínimo, de que o privado se sobrepõe ao público, de que "consumo" é sinônimo de cidadania. Não foi por pouco a comemoração de sua morte nos bairros pobres de Londres.
Para os que sabem que um outro mundo é necessário e urgente, e que torná-lo possível é hoje a luta cotidiana imposta pelos tempos, outras são as mulheres importantes do século XX. Rosa Luxemburg, Isadora Duncan, Pagu, Simone de Beauvoir, Frida Kalo, Mercedes Sosa, estão entre elas. E a mais importante, com certeza, não é uma individualidade em particular. É um sujeito histórico coletivo, constituído por todas que, anonimamente, têm participado dos combates anticapitalistas. Querendo que o mundo buscado e defendido por mulheres e homens como Margaret Thatcher seja apenas passado. 

No campo das letras à esquerda, um lançamento recente: Para salvar o planeta liberte-se do capitalismo. Hervé Kempf, Saberes Editora, 2012.




Numa linguagem envolvente, "o mais famoso jornalista-ambientalista francês", nos faz perceber claramente a urgência de encontrar, descobrir, abrir com foices, um caminho para sair do capitalismo. Descrevendo a realidade planetária contemporânea seu texto é impactante (como impactante é a extraordinária capa do livro) e profundamente pedagógico. É, além disso, perpassado de uma esperança enérgica, que não espera, começa. Sua tese é de que sem justiça social (só possível fora do capitalismo) cessam as possibilidades de salvação do planeta.
Maria


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