quinta-feira, 14 de abril de 2016

O QUE SERÁ QUE SERÁ?

Neste conturbado momento porque passa a sociedade brasileira, o que menos importa aos ansiosos pelo poder a qualquer custo é o respeito aos princípios democráticos de organização coletiva, conquistados na luta contra a ditadura e garantidos constitucionalmente a partir de 1988. Até aí, nada de novo. Não é própria de golpistas a defesa da Democracia, da Constituição ou de resultados eleitorais.
Também nada de novo pode ser encontrado no comportamento dos grandes veículos de comunicação de massa que, em conjunturas políticas como a colocada na atualidade, invariavelmente posicionam-se ao lado dos que atacam o poder popular. Mais ainda – fazem parte desse lado. Travestindo-se do seu contrário, outorgam-se o papel de paladinos da ética e da justiça enquanto utilizam seus grandes recursos financeiros e tecnológicos para fraudar informações e forjar opiniões favoráveis aos intentos das elites econômicas.
Exemplo disso tem sido há 52 anos, a rede globo de televisão. Escondendo o tríplex de lama sobre o qual está edificada (sonegação fiscal, evasão de divisas e empresas de fachada no exterior), apresenta-se aos telespectadores como uma isenta analista da realidade do país e do mundo e uma defensora incansável da verdade dos fatos.
Pois, entre as figuras públicas envolvidas no turbilhão de denúncias e indiciamentos judiciais que assola a nação, esta dita rede globo “elegeu” (ato falho talvez) Luís Inácio Lula da Silva (contra quem não há até agora uma única prova de crime cometido) como o assunto preferencial das análises e verdades “isentas” e “inquestionáveis” de sua vitrine midiática. A ele tem dedicado incontáveis minutos em todos os seus telejornais (fielmente propagandeados e reproduzidos por suas afilhadas regionais).
Em nenhum desses programas Lula recebe elogios ou reconhecimento, muito menos a consideração devida a um ex-presidente da República que, eleito e reeleito, deixou o cargo com 87% de aprovação. Ao contrário, é cotidianamente tratado pelos repórteres, apresentadores e “opinadores” globais como o inimigo número um da República, o marido cúmplice de uma compradora de botes de lata e de pedalinhos, o responsável por todas as mazelas que atingem os brasileiros, o pai da corrupção mundial, o judas a ser malhado...
No entanto, mesmo depois dessa avassaladora campanha difamatória, de meses a fio de linchamento moral, de tantos e tantos “esclarecimentos” no jornal nacional, eis que Luís Inácio aparece liderando as intenções de voto para a Presidência da República, em pesquisa do conhecido Instituto Datafolha, de propriedade do jornal “Folha de São Paulo”.
O QUE SERÁ QUE ISSO SIGNIFICA? Que o povo não é bobo e que hoje muitos já sabem que a rede globo mente?
Talvez esta seja apenas uma primeira e óbvia conclusão frente aos dados da pesquisa. Um olhar mais atento poderá neles perceber um contraponto aos tão repetidos procedimentos da plutocracia nacional quando em defesa dos próprios interesses. Um comportamento novo que expõe as marcas da experiência vivida pelas classes trabalhadoras nos últimos 13 anos. Aprenderam a dizer não. DE NOVO, NÃO.  O que se quer é mais, não menos.
Hoje sabem os trabalhadores que, em seu ”reino idealizado”, a burguesia só os quer se for a serviço. Sabem também que atrás do processo movido contra a Presidenta da República o que se esconde é uma tentativa de aniquilamento dos avanços obtidos na área dos direitos sociais durante os governos Lula e Dilma.
E sabem, ainda, que a tal “ponte para o futuro”, proposta por Michel Temer (PMDB) e seus cúmplices do DEM e do PSDB, será, na verdade, um muro a separar os que sobre ela passam dos que sob ela vivem.
Assim, o novo não é o conflito de interesses, que este existe há 500 anos nestas plagas. O novo é a determinação crescente de resistir aos ataques contra a democratização da vida. Por isso, independente da decisão dos senhores deputados no domingo, 2016 não repetirá 64.  

MARIA


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