domingo, 2 de maio de 2021

PARA QUE SE LUTE COM

Rio Grande, 30 de abril, 2021. Ao entardecer, reuniram-se virtualmente, em  Assembleia Regional, trabalhadoras da Rede Estadual de Educação Básica. Os presentes eram em torno de cinquenta. A pauta em discussão era o retorno às aulas presenciais no próximo dia 3 de maio, por decreto do governo Eduardo Leite, do PSDB. O QUE FAZER? Era a pergunta que não queria calar. O medo de morrer contagiado pelo vírus perpassava as falas todas. E uma Organização Sindical que já lutou por Plano de Carreira, Piso Salarial, Condições de Trabalho, Qualidade Social para a Escola Pública, Democracia Participativa, Currículo Emancipatório, Unidade na Luta via Centrais Sindicais está, agora, enfrentando a necessidade de lutar pela Vida de seus associados. Literalmente. As manifestações primeiras demonstraram o que é sabido: a própria natureza do cotidiano escolar é favorável à disseminação da doença. Em um colégio há diariamente beijos e abraços, tapas e encontrões. Haverá gritos e máscaras no queixo. Haverá sussurros e máscaras no queixo. Haverá lanches e máscaras no queixo. Haverá lágrimas e máscaras no queixo. Como se chora de máscara? As avaliações proferidas só confirmaram esse conhecimento. As propostas apresentadas para que a luta seja levada variaram entre "continuidade da mobilização - sem greve já", "greve já" e "aguardar a audiência judicial da manhã do dia 3, jogando qualquer decisão para a Assembleia Geral. Postas em votação, a vencedora foi "greve já". Os pilares que sustentaram esta vitória podem ser encontrados no passado e no presente. No presente, a urgência do "não voltar". No passado, a tradição local de sempre levar ao Conselho Geral uma posição regional. Em nenhum momento foi levantada a questão da necessária UNIDADE DA LUTA, só ela capaz de alavancar uma resistência eficaz. Por isso, continua em aberto a discussão sobre o maior desafio a ser enfrentado pela classe trabalhadora hoje: como virar o jogo? Como sair da corda? Como transformar em nós esse amontado de eus, deserdados da terra, do pão, do trabalho, do prazer, da dignidade humana, da VIDA? Como anunciar o inédito viável, a possibilidade de vitória? PARA QUE NÃO SE LUTE POR. PARA QUE SE LUTE COM.

MARIA



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