quarta-feira, 16 de março de 2022

O LARGO DA MATRIZ

 Este lugar é uma sala de aula. Aqui se ensina e se aprende o mais importante dos conteúdos escolares, da educação infantil aos cursos universitários - aquele que permite à classe trabalhadora compreender que não basta conhecer a realidade, é preciso lutar para transformá-la. Porque é injusta. Porque nela a ordem que impera é a ordem da humilhação cotidiana das maiorias e o progresso visível é apenas o progresso das minorias privilegiadas, donas do poder econômico.
Sua aula inaugural foi a campanha presidencial de 1989, a primeira depois dos longos anos ditatoriais.    ( Antes, as aulas eram dadas no coreto da Praça Tamandaré ) O objetivo de então era eleger um operário Presidente do Brasil. Quase foi atingido. Mas a  voz do inimigo vinha sempre precedida por um plim-plim. E se impôs. No entanto, as aulas não foram interrompidas. Atravessaram décadas. 
No momento, o povo da educação continua ocupando o Largo da Matriz, na luta pela escola pública. Sabe que educação não é tudo. Tudo é distribuição justa da renda nacional, é reforma agrária e reforma urbana, é orçamento participativo, é devolver ao povo o que do povo foi roubado. Mas sabe também, que se não é tudo, a educação pode ser parte significativa na construção de uma sociedade melhor. Por isso, o ataque feroz que vem sofrendo. Não por seus equívocos ou fragilidades, que ainda são muitos. Sim por suas possibilidades. 
A lição da hora é o reconhecimento de que não pode se levantar sozinho este povo da educação. É preciso que se levante a sociedade inteira: pais e mães, representantes parlamentares, movimentos sociais organizados e desorganizados, senhoras e senhores, meninas e meninos. Não só para defender a educação. Também para defender um projeto de mundo, de país, de estado e de cidade, em que seja possível a existência de uma escola democrática e popular, em todos os níveis.
Talvez um primeiro passo em direção a esse reconhecimento possa ser dado olhando a igreja. Não para admirar a longevidade dela, mas para saudar respeitosamente os trabalhadores escravizados que um dia a construíram. Afinal, são eles os pioneiros da luta que hoje levamos adiante.
Que atravesse os séculos o nosso aplauso.

                                                                                                                                         MARIA

4 comentários:

  1. Maria,tens muita razão, o tudo da educação não interessa a elite curripta,para está,apenas os dividendos que lhes enchem as burras, mas, esquecem este que, o povo brasileiro reage, as vezes, tarda, mas reage, e o povo da educação tem as armas dos saberes,e contra estás, eles não conseguirão vitória
    Seguimos no Largo da igreja da Matriz, e dele não sairemos, até que todas as peleias sejam vencidas!

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  2. Largo Dr Pio....muitas aulas....maitas histórias....muita luta...

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  3. Excelente texto Maria! O Largo Dr. Pio faz parte da nossa história...bem como dissesses lá muito aprendemos e muito ensinamos.

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  4. #ESSALUTAÉNOSSA. Este espaço significa muuuito para a resistência, q historicamente ali fazemos, tanto simbólica como plena de realidade. Há braços

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