quarta-feira, 2 de março de 2022

Tempo de Guerra

     " Se você não conhece as causas profundas do conflito, paz é  uma palavra de ordem  vazia. "                   DILMA ROUSSEFF    


A partir de 2010, uma onda de protestos emergiu no mundo árabe, iniciando na Tunísia e espalhando-se pela Argélia, Jordânia, Egito e Iêmen. Ficou conhecida como Primavera Árabe. Foi responsável pela queda de diversos governantes. Depois dela, outros protestos com características semelhantes foram explodindo pelo mundo - na Europa Central e do Leste ( Ucrânia em 2014 ), na América Latina ( Brasil em 2013 ) e na Ásia ( Hong Kong em 2019 ).
Inúmeras ONGS, grandes veículos de comunicação e variadas vozes da academia ( inclusive algumas identificadas com um pensamento  dito de esquerda ) não cansaram de louvar as manifestações "populares". Foi estabelecido um novo senso comum: os povos queriam liberdade e não suportavam mais as práticas corruptas dos administradores públicos. Por todos os lados era enaltecida a ausência de partidos políticos nos atos, a defesa genérica que faziam da democracia e do combate à corrupção. Louvou-se muito também a "espontaneidade" dos movimentos e a "excelência" das plataformas tecnológicas que permitiam, como nunca, a mobilização célere e eficaz de grandes massas populacionais.
Os EUA, governado então por Barack Obama ( com Biden de vice ), autodenominando-se " a maior democracia do mundo", manifestou seu encantamento com a conscientização inesperada das multidões que, apesar de quaisquer "ontens" começavam o milênio bradando contra os corruptos e os tiranos.
No calor da hora, poucos perceberam que os governantes depostos nessa guerra híbrida representavam uma oposição, ainda que incipiente, às pretensões imperialistas dos norte-americanos. E, até onde não foi possível efetivar realmente o golpe "brando", as consequências foram gigantescamente desastrosas para a classe trabalhadora. Perdeu-se de vez o tal "bem-estar social" nos lugares em que chegou a existir e a possibilidade de atingi-lo nos lugares em que nunca tinha chegado.
No entanto, para seguir em frente com seu projeto imperialista unipolar, não bastava ao grande capital, comandado por Washington e servido pela vassalagem da OTAN, fragilizar as forças opositoras periféricas. Era preciso sufocar os outros "grandes", que ousavam sugerir uma multipolaridade econômica e política para o Planeta Terra. Para quem, desde  "a queda do muro" em 1989, sentia-se dono do mundo, isso não era admissível.  
Por inúmeros fatores, entre os quais  cabe destacar sua localização eurasiana, seu dinamismo econômico e a simbologia que lhe é reservada na historia da luta entre as classes, a Rússia tornou-se o primeiro alvo a ser atingido. Arrancar de sua área de influência países como a Ucrânia, a Armênia, a Turquia, a Síria, a Macedônia, entre outros da vizinhança, cooptando-os para que participem do bloco armado liderado pelos EUA, foi o objetivo estabelecido para o atual período.
Assim, a guerra na Ucrânia não começou agora. E, apesar da narrativa predominante na imprensa ocidental, que responsabiliza o governo de Moscou pelo conflito armado, quem fechou as portas para uma solução diplomática foram os membros da OTAN tutelados pelo " grande irmão". A proposta inicialmente apresentada pelos russos era puramente defensiva e bastante razoável: o estabelecimento de uma zona neutra entre o território da Federação Russa e o território abrangido pelo Tratado do Atlântico Norte.
Por isso, todo apoio ao povo russo.
Abaixo o imperialismo.
Abaixo  o fascismo do Ocidente.
Abaixo a hipocrisia do opressor, de todos nós.
 
                                                                                            MARIA


5 comentários:

  1. Sempre cirúrgica e provocante! Obrigada.

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  2. Provocante e, deveras,esclarecedor. Agradeço muito!

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  3. Tua análise lúcida e contextualizada. Como precisa ser.

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  4. Maria!
    Excelente reflexão.
    O universo pede por paz, porém, pra chegarmos lá teremos muita luta contra o capital. Toda força às revoluções socialista. Viva o Socialismo, viva a América Latina livre.

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