" A dignidade humana soterrada em Gaza..."
(palavras para escrever no muro)
Que o tempo é de guerra ninguém contesta ou duvida, seja qual for sua posição no espectro político. O que fazer para vencê-la é o que falta descobrir. Se ainda for possível alguém vencer antes do fim. E, feita a descoberta, ousar lutar, se sobrarem forças para fazer a luta.
Perdida no campo de batalha, a esquerda organizada hesita, defendendo o mínimo, atirando a esmo e acertando o próprio pé enquanto o inimigo, resoluto no ataque, está buscando o máximo ao mirar com precisão em nosso ponto mais fraco - a capacidade perdida de fazer diferente, governar diferente, aprender e ensinar diferente. Querer diferente.
Quais as razões para uma fragilização tamanha?
Urge identificá-las para sair do brete.
Para isso, talvez o primeiro passo seja admitir a concretude da guerra que, como escreveu o grande Marx um dia, se confunde com a própria história da humanidade em qualquer tempo até aqui vivido. Oprimidos x opressores, escravizados x seus senhores, colonizados x colonizadores, trabalhadores x seus patrões, pobres x ricos. Além dos combates entre si travados pelos donos do poder por mais poder, nos quais as buchas de canhão sempre foram, e continuam sendo, os que não têm poder algum.
Tem sido assim desde que o primeiro "esperto" cercou um pedaço de terra e se intitulou seu proprietário, dando início a uma sociedade dividida em classes, onde nada é "bom para todos". Nem a luz do sol.
Guerra, sempre guerra. Por maiores que sejam seus disfarces. Por mais densa que seja a bruma a encobri-la . Por mais bela que seja a fantasia a mascará-la.
Considerada esta realidade, "unir para reconstruir" não é o que se deve propor, porque não é o que se deve querer.
Reconstruir simplesmente a ordem social imperante por aqui desde a invasão europeia no século XVI, acentuada pelo capitalismo contemporâneo em sua fase de liberalismo extremado, digitalizado e financeirizado, que estimula o fascismo social para manter seu domínio, decididamente não pode ser o que se queira. Nem mesmo em nome de uma defesa da democracia. Numa sociedade de classes não há democracia, que só se materializa mesmo com a partilha igualitária da riqueza. O resto é retórica. Só retórica.
Nosso horizonte precisa ser a transformação deste mundo feio, que se enfeiou há muito. Justiça transformada, educação pública transformada, parlamento transformado, poder executivo transformado, organizações populares transformadas, relações humanas transformadas. Nada reformado.
Que LULA III não esteja conseguindo avançar nesta direção é compreensível. Afinal, tem a engessá-lo uma aliança com a direita mais tradicional do país, aquela que finge ser o centro, e um parlamento majoritariamente canalha. Agora, as organizações de esquerda não estão impedidas de seguir adiante nem de disputar internamente o rumo dos enfrentamentos. Ao contrário, podem e devem continuar comprometidas com a luta anticapitalista, Portanto, socialista.
Mostrar a LULA que ainda estamos aqui e que não viramos "eles", esta é a melhor forma de reafirmar nosso apoio para que vença em 2026.
Este não é um objetivo saudosista. Tem os olhos voltados ao futuro. Porque o futuro é o que interessa. Torná-lo possível é o desafio que temos no presente.
Que seja um tempo colorido este futuro, pleno de valores novos que envelheçam sábios e de amores múltiplos que se percebam livres.
MARIA
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