domingo, 24 de fevereiro de 2013

A função social do Passado

"A maior tarefa do historiador é lembrar o que as pessoas esquecem."
Eric Hobsbawm

Em tempo anterior algum os conhecimentos e as crenças do passado foram tão renegados por inutilidade como neste em que vivemos. Não interessa o que aconteceu "antes" - esquece o que foi dito e feito, "esta é a parte que te cabe neste latifúndio", não "pensa" que pode ser diferente - é o que, implicitamente, diz a voz do microfone. Explicitamente, entretanto, o resgate histórico continua sendo enaltecido, embora talvez seja  apenas o resgate  de "migalhas".
O embate ideológico hoje travado tem como instrumento primordial a negação, começando pela negação de si mesmo - as ideologias morreram. O discurso hegemônico que, para melhor subjugar as maiorias, quer ser único (mas não é) nega o conflito de interesses, a divergência, a existência de um outro caminho, a luta de classes. Como poderia, então, permitir a permanência da História em nossas mentes?
Apesar disso, o tempo de "antes" - de antes da novidade-pouca proclamar-se o novo-pretendido pelos que se rebelaram, de antes do espetáculo tornar-se a arma do império para confundir as consciências (inclusive a dos que lutaram) - ainda permanece entre nós. Não porque queiramos repeti-lo, mas porque precisamos torná-lo lição. Não como mito estimulador de nostalgias e sim como contribuição objetiva à continuidade da luta pela emancipação da classe trabalhadora. Porque é disso que se trata.
Permanece apenas para lembrar que é possível fazer diferente. Que é possível começar outra vez. E outra. E mais outra. A cada dia.
Querendo o inédito.
Respeitando o vivido.
(E os historiadores continuam por aí, cumprindo sua tarefa maior...)

Maria

A história da foto:

A foto que adorna o início da jornada virtual deste andarilho retrata a experiência vivida pelos espanhóis, quando instituíram sua república libertária na década de 1930 e criaram bibliotecas populares. Derrotada a República, ficou a imagem, comprovando o realizado.

Leitura sugerida: 

Que a União Operária Seja Nossa Pátria - Lutas dos Operários Gaúchos. Silvia Regina Ferraz e Petersen. Editora UFSM, 1ª edição, 2001.



Uma obra importante para quem quer conhecer um pouco da história do Rio Grande do Sul e da cidade do Rio Grande a partir das ações coletivas de sua classe operária no início do século XX. Resultado de profunda investigação oferece ainda uma riquíssima indicação bibliográfica para quem quiser seguir adiante nos estudos sobre o tema.
Pode ser encontrado ainda no sebo "Estante Virtual".

2 comentários:

  1. Maria muito legal, parabéns, tem a tua cara. Diferente do que se le e escuta por aí.
    Continua a tua batalha que a guerra não terminou.

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  2. Amiga, o Luiz Antonio disse tudo, é a tua cara. Texto ímpar, forte , marcante,otimista... Beijão

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