domingo, 29 de junho de 2025

SENDO ASSIM

 

"Ser um fator de subversão da ordem estabelecida 
ou uma peça na engrenagem política tradicional?"
Pergunta escrita no muro



O PT é hoje constituído por mais de dois milhões de filiados em torno de um objetivo comum - a transformação da realidade social. Pelo menos em tese. Somos muitos e somos múltiplos. Tantos e tão múltiplos que, na prática, está ficando cada vez menos nítida a consistência do dito objetivo comum.
Forjado nos embates contra a opressão política e a exploração econômica no final da década de 1970, o Partido cresceu e se fortaleceu no imaginário do povo brasileiro como um instrumento de luta por justiça social e soberania nacional.
Na atualidade, grande parte da sociedade já não acredita nisso. Muito por conta da guerra suja travada contra ele pelas camadas dominantes social e economicamente. Mas, inegavelmente, muito também por conta do seu afastamento dos espaços de luta comunitária e popular. Ocupado com a institucionalidade, desaprendeu a linguagem da rua. Fragilizou-se como nunca porque perdeu sua histórica capacidade de mobilização e organização das massas. Pior, foi deixando de querer mobilizar e organizar. E era essa a sua força, nascida da coerência entre o dito e o feito.
Administrando o capitalismo foi degradando seu caráter de classe. Apartado do povo, aprendeu a silenciar, escondendo, os motivos e os significados das propostas que defende e incrementa.
Talvez envergonhado por ter cedido ao "espirito do tempo", saiu da parada de ônibus, da esquina, da praça pública. Recolheu-se ao espaço das telinhas e das "redes". Enquanto isso, no Senado, por exemplo,  vota unanimemente pela criação de um dia para festejar a "amizade" entre Brasil e Israel. E nenhum Diretório Municipal ou Estadual, elaborou, sequer, uma nota de repúdio a tamanho descalabro humanitário. Por que será? A militância petista tem o direito de saber. 
Mesmo assim, causa espanto a incompatibilidade entre as evidentes iniciativas do governo Lula III, do qual faz parte, para conter o horror social desencadeado com o golpe de 2016, acentuado com o governo da extrema direita fardada de bolsonarismo, e as pesquisas de opinião divulgadas frequentemente sobre ele. Setenta por cento de notas baixas ou regulares é bem difícil de absorver racionalmente. Ainda que as expectativas populares sejam maiores, que pontos estruturais significativos não tenham sido tocados e a política econômica neoliberal permaneça intacta. Não é simples nem fácil chegar a compreensão desta realidade, porque múltiplos são os fatores que a determinam e condicionam a continuidade da hegemonia do extremismo de direita na sociedade.
Primeiramente, por tratar-se de um fenômeno sociológico global, não apenas brasileiro ou latino- americano. E isso todos e todas sabem que é muito determinante. Até serve, as vezes, para "justificar" certas submissões.
Em segundo lugar, porque este comportamento político não começou ontem, nem em 2016. Nasceu nas salas acarpetadas dos capitalistas, assessorados por competentes "intelectuais orgânicos", para solucionar a crise terminal em que se encontra o modo de produção mais devastador de todos os já criados pela humanidade. Para que não termine, permaneça até que o planeta não mais consiga sustentar a vida humana. Desde a década de 1990 espalhou-se sorrateiramente, não só para barrar novos avanços das classes trabalhadoras como para destruir todas as conquistas obtidas pela luta ao longo do século XX. Em busca do lucro máximo.
O primeiro passo dos "donos" do mundo em direção a tal objetivo foi quebrar qualquer resistência ao seu novo/velho projeto de dominação. A qualquer preço. Pela força bruta, pela colonização das mentes, pela aceleração da vida cotidiana, pelo apagamento da memória histórica, pela louvação da "persona" em detrimento da louvação da "tribo". Pela ilusão de ótica inerente à tecnologia digital, quando utilizada acrítica e irrefletidamente. Passo até aqui dado com sucesso. A jaula parece mesmo de aço.
As guerras várias, o genocídio do povo palestino e de inúmeros povos africanos, a exasperação das desigualdades sociais, a má distribuição da terra no campo e na cidade, as catástrofes climáticas recorrentes, a inoperância de governos ditos progressistas para reverter tal conjuntura e a consequente demonização da política, testemunham esta realidade. De novo, verdadeiramente,, só a tecnologia - fascinante, encantadora, viciante, quase mágica. A lógica algorítmica e a crença religiosa promovendo um avanço gigante da desinformação e do engano. Frente a tudo isso, a questão que grita no peito de muitas e muitos é, sem dúvida, "o que fazer?", como há tanto tempo já se perguntava o grande Lenim.
No momento, o PT está vivenciando o processo eleitoral interno que renova suas instâncias de direção em nível nacional, estadual e municipal. Processo este que perde qualquer sentido se não tiver por eixo uma outra questão inseparável da primeira - por onde ir? No caso de uma organização política que ainda se intitula ferramenta de luta social, o caminho escolhido é o que vai dizer se ainda sabemos o que deve ser feito. E, se não sabendo, estamos dispostos a aprender.
O discurso que hoje fala mais alto no interior do partido defende não balançar o barco mais do que o minimamente necessário para ganhar eleições, sejam externas ou internas. Aquele mínimo que garante alguns benefícios ao precariado e a continuidade dos privilégios aos já historicamente privilegiados. Mínimo que não se traduz em qualquer prática transformadora.
Qual é a meta deste rumo, afinal? Tendo em vista que não é de hoje a estratégia. Data, por alto, lá de 2003 quando chegamos a presidência da republica. E nos levou a 2016, quando não ia ter golpe, mas teve. E a 2018, quando íamos voltar à presidência da nação, mas não voltamos. E a 2023, quando seria iniciado um governo de "união e reconstrução", mas o neoliberalismo continuou governando via congresso nacional. E a 2025, quando o balanço moderado do barco nos levaria a um porto seguro, mas não levou.
Há que aproveitar o PED ´para refletir sobre essa trajetória, identificando suas contradições. O reconhecimento dos equívocos que impregnam a estrutura partidária, os governos petistas e nossos mandatos parlamentares exige uma firmeza de propósito que, coletivamente, não temos neste instante. Mas podemos perseguir. Porque seguir como estamos, com uma predominância explícita do individualismo e do personalismo exacerbado,  é o sinal maior de que, mesmo entre nós, o sistema capitalista está vencendo.
Há quem pense que uma aceitação realista das regras políticas do mundo capitalista seja o único caminho possível. Há quem pense que não. É disso que precisa tratar o debate a ser feito. Tudo o mais será consequência. 
Sendo assim, sejam quais forem os encaminhamentos acordados, precisam estar referenciados no mais básico princípio petista - a construção coletiva da inserção partidária na luta entre as classes.


                                                                                      MARIA

quinta-feira, 12 de junho de 2025

TEMPO DE GUERRA

 


" A dignidade humana soterrada em Gaza..."
(palavras para escrever no muro)



Que o tempo é de guerra ninguém contesta ou duvida, seja qual for sua posição no espectro político. O que fazer para vencê-la é o que falta descobrir. Se ainda for possível alguém vencer antes do fim. E, feita a descoberta, ousar lutar, se sobrarem forças para fazer a luta.
Perdida no campo de batalha, a esquerda organizada hesita, defendendo o mínimo, atirando a esmo e acertando o próprio pé enquanto o inimigo, resoluto no ataque, está buscando o máximo ao mirar com precisão em nosso ponto mais fraco - a capacidade perdida de fazer diferente, governar diferente, aprender e ensinar diferente. Querer diferente.
Quais as razões para uma fragilização tamanha?
Urge identificá-las para sair do brete.
Para isso, talvez o primeiro passo seja admitir a concretude da guerra que, como escreveu o grande Marx um dia, se confunde com a própria história da humanidade em qualquer tempo até aqui vivido. Oprimidos x opressores, escravizados x seus senhores, colonizados x colonizadores, trabalhadores x seus patrões, pobres x ricos. Além dos combates entre si travados  pelos donos do poder por mais poder, nos quais as buchas de canhão sempre foram, e continuam sendo, os que não têm poder algum.
Tem sido assim desde que o primeiro "esperto" cercou um pedaço de terra e se intitulou seu proprietário, dando início a uma sociedade dividida em classes, onde nada é  "bom para todos". Nem a luz do sol.
Guerra, sempre guerra. Por maiores que sejam seus  disfarces. Por mais densa que seja a bruma a encobri-la . Por mais bela que seja a fantasia a mascará-la.
Considerada esta realidade, "unir para reconstruir" não é o que se deve propor, porque não é o que se deve querer.
Reconstruir simplesmente a ordem social imperante por aqui desde a invasão europeia no século XVI, acentuada pelo capitalismo contemporâneo em sua fase de liberalismo extremado, digitalizado e financeirizado, que estimula o fascismo social para manter seu domínio, decididamente não pode ser o que se queira. Nem mesmo em nome de uma defesa da democracia. Numa sociedade de classes não há democracia, que  só se materializa mesmo com a partilha igualitária da riqueza. O resto é retórica. Só retórica.
Nosso horizonte precisa ser a transformação deste mundo feio, que se enfeiou há muito. Justiça transformada, educação pública transformada, parlamento transformado, poder executivo transformado, organizações populares transformadas, relações humanas transformadas. Nada reformado.
Que LULA III não esteja conseguindo avançar nesta direção é compreensível. Afinal, tem a engessá-lo uma aliança com a direita mais tradicional do país, aquela que finge ser o centro, e um parlamento majoritariamente canalha. Agora, as organizações de esquerda não estão impedidas de seguir adiante nem de disputar internamente o rumo dos enfrentamentos. Ao contrário, podem e devem continuar comprometidas com a luta anticapitalista, Portanto, socialista. 
Mostrar a LULA que ainda estamos aqui e que não viramos "eles", esta  é a  melhor forma de reafirmar nosso apoio  para que vença em 2026.
Este não é um objetivo saudosista. Tem os olhos voltados ao futuro. Porque o futuro é o que interessa. Torná-lo possível é o desafio que temos no presente.
Que seja um tempo colorido este futuro, pleno de valores novos que envelheçam sábios e de amores múltiplos que se percebam livres.


                                                                                        MARIA


segunda-feira, 31 de março de 2025

CHORAM MARIAS E CLARICES

 


"NINGUÉM PODE DIZER QUE OS NOSSOS COMANDOS ESTÃO FORMADOS PARA A VIOLÊNCIA, MAS SE OS ADVERSÁRIOS DESEJAREM A LUTA, RESPONDEREMOS COM LUTA."
LEONEL DE MOURA BRIZOLA
DEPUTADO FEDERAL PELO RS
DEZEMBRO DE 1963



Em 1 de abril de 1964 chegava ao fim o governo de 30 meses do Presidente João Goulart, sendo  apenas a metade deles sob regime presidencialista. Tinha abraçado o projeto de reformas políticas e sociais mais popular e democrático da história da república brasileira. Um plano de governo até hoje não suplantado em consistência e abrangência, mas que ficou só plano.
Aconteceu aquele governo, numa encruzilhada histórica, no auge da "guerra fria", que dividia o mundo entre os subservientes aos interesses imperialistas do EUA, esperando uma beira, e os que lutavam para manter vivo internacionalmente o princípio de soberania nacional, esperando respeito. Naquele momento, o Brasil podia pender para um lado ou para o outro e a América Latina era um território em disputa. Como hoje. Como sempre, desde 1492.
A Revolução Cubana em 1959, a derrota norte-americana na tentativa de invasão da Ilha em 1961, os mísseis soviéticos lá instalados em 1962, o voto contrário do Brasil à sua expulsão da OEA em 1962, a expropriação da Companhia de Energia Elétrica Rio-Grandense, subsidiária da norte-americana AMFORP em 1959, por Leonel Brizola, então governador do RS e a encampação da Companhia Telefônica Rio-Grandense, subsidiária da também norte-americana ITT em 1962 pelo mesmo governador e a audaciosa "Campanha da Legalidade" em 1961, que garantiu a posse de Goulart após a renúncia de Jânio Quadros, eram sinais de alerta que não podiam e não foram ignorados pelo "grande irmão" do Norte. Porque, além deles, espalhava-se no ar, trazido pelo vento Sul, o brado da classe trabalhadora brasileira do campo e da cidade em luta para "mudar as coisas". Coisa de comunistas.
Nacionalista e "trabalhista", o governo Goulart tentou pender para o lado da luta por soberania. Levantou bem alto a bandeira das reformas reivindicadas pelo Movimento Popular Organizado e pelos Partidos Políticos de Esquerda - reforma da Constituição, reforma Agrária, reforma Universitária, com Plebiscito para referendá-las. Além disso, criou o décimo terceiro salário e a aposentadoria dos trabalhadores rurais. E pior. Sancionou a regulamentação da lei que estabelecia controle e limite à remessa de lucros para o exterior, enfurecendo banqueiros, latifundiários, grandes empresários e multinacionais.
Acontece que, naquele cenário mundial explosivo, o Brasil era pedra fundamental no dominó da política dos EUA. Porque, para o lado que pendesse, poderia levar junto outros importantes países latino-americanos. O projeto populista/reformista nele em curso precisava ser interrompido para não pender na direção "errada". E foi. Com a cumplicidade da escória dominante no país.
Aliança perfeita entre os interesses do capital nacional e os interesses do capital norte-americano. Já parceiros, desde o final da II guerra. 
Juntos tinham criado, em 1949, a Escola Superior de Guerra do Brasil, nos moldes do Colégio Nacional de Guerra dos EUA, e nela, os de "lá" ensinaram aos de "cá" o papel a ser desempenhado pelas forças "armadas" nacionais na guerra "fria" contra a URSS, tendo por base a Lei de Segurança Nacional, "lá" elaborada, "cá" copiada e adaptada. Que mandava prestar atenção no inimigo "interno". Juntos estiveram, ao longo da década de 1950, em várias tentativas golpistas para chegar ao poder, tendo em vista que pela urna não estavam conseguindo, repetindo a unidade em 1961. Perseguindo o mesmo objetivo,  juntaram-se de novo em 1964 para golpear o nacionalismo trabalhista em voga por aqui. 
A justificativa pública para o arbítrio era a restauração da "verdadeira" democracia, maculada pelo governo "comunista" e "ilegal" de João Goulart. Chegava ao povo pelas ondas do rádio, pelas manchetes dos grande e pequenos jornais, pelas páginas das revistas semanais e, até mesmo, pela voz vinda de alguns púlpitos da igreja católica.
Os golpistas de então, fardados ou engravatados, seduziram significativas parcelas  de todas as camadas sociais apresentando-se como salvadores e protetores da pátria, promotores do desenvolvimento econômico e respeitadores das tradições herdadas do passado. 
Paralelamente, calaram todas as vozes opositoras levantadas. Reprimiram, censuraram, perseguiram, desempregaram, prenderam, torturaram e/ou mataram todos os "subversivos" e "subversivas" que conseguiram encontrar.
Foram 21 anos de um tempo cor de chumbo cujas sombras ainda são percebidas no tempo presente. A classe trabalhadora brasileira e latino-americana continua sendo golpeada pela ofensiva político/ideológica do capitalismo, em especial o norte-americano, que não cansa de usar seu poder econômico, corrupto e corruptor, para continuar mantendo sua hegemonia no continente. Como sempre, com a cumplicidade submissa dos capitalistas nacionais.
Atualmente, em nome de um "ajuste fiscal", agora apelidado "arcabouço", que a maioria dos "ajustados" ou "arcabouçados" nem ao menos sabe o que é, só sabe que sufoca, tem sido mantido um severo arrocho econômico sobre as classes laboriosas enquanto seguem firmes as benesses das classes ricas.
Mesmo com um governo que se quer popular e democrático, a realidade não muda. A vida vai ficando cada vez mais precarizada. Falta saúde, educação, saneamento básico, moradia digna, transporte coletivo, salário justo, segurança, esperança. De tais governos, acuados pelo neoliberalismo imperante no mundo, só chegam políticas sociais compensatórias, capazes apenas de mitigar o momentâneo.
Com os Partidos de Esquerda extremamente fragilizados pela institucionalidade, só os Movimentos Sociais poderão interromper a ditadura neoliberal que espalha-se anonimamente pelo planeta inteiro. Resta saber se vão conseguir passar da inércia reinante ao protesto consciente e do protesto consciente à propostas que ultrapassem o imediatismo da urgência sem, contudo, deixar esta urgência de lado.
Então a luta será todo dia outra vez.
De todas e todos.
Por todos e todas.

                                                                  MARIA


" Se você vier me perguntar por onde andei
   Eu te direi amigo
  Tenho 25 anos 
  De sonho e de sangue
 E de América do Sul"
  A PALO SECO
   BELCHIOR

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

CPERS/SINDICATO, O IMPRESCINDÍVEL RESGATE

 

"Se insistirmos em continuar errando, de recuo em recuo, de concessão em concessão, ficará cada  vez mais difícil dar certo."         Prof. Valter Pomar, janeiro de 2025


É sabido que no momento presente o capitalismo neoliberal tem atacado com violência ímpar os instrumentos de luta da classe trabalhadora. Uma guerra ideológica que tem por objetivo, para além da subordinação dos corpos, a subordinação da vontade coletiva, garantindo, com isso, a continuidade da opressão classista. Acentuada.
O movimento sindical sentiu o golpe. Em todas as partes do mundo. Em todas as correntes de pensamento nele atuantes, Em todas as suas  esferas organizativas. A luta foi ficando moderada, respeitando todos os limites impostos pela ordem estabelecida, trocando o combate de massas pela resistência "heroica" de algumas lideranças, as ruas pelas salas dos tribunais e pelos gabinetes parlamentares. Pelo excesso de concessões ao senso comum do tempo histórico, acabou recuando. Ineficazes, até aqui, os caminhos escolhidos para enfrentar o projeto hegemônico.
O CPERS/SINDICATO não tem conseguido fugir dessa realidade. Nem mesmo sua tradição guerreira conseguiu impedir que, como a maioria, mergulhasse no pensar e no fazer neoliberais, ambos responsáveis pelo acelerado abandono do pensamento anticapitalista em todos os espaços de luta, pela falta de foco no eixo que importa, pelo rebaixamento das expectativas,  pelo oportunismo individualista em alta na sociedade do espetáculo, pelo ativismo politiqueiro/eleitoral que terceiriza o embate com o inimigo de classe. Responsáveis, enfim, por termos chegado ao ponto em que chegamos, para alegria dos donos do poder econômico.
Em contexto assim tão adverso, está assumindo a nova direção central da Entidade, composta por forças internas diversas, em busca de uma unidade capaz de dar conta do desafio gigante de inverter o jogo, sair da corda e construir um outro caminho para que se possa, de novo, andar e avançar. Durante a campanha, isso era dito discretamente por alguns componentes da chapa vencedora.
Mas os sinais ainda não são alvissareiros. Basta  um olhar atento sobre as publicações recentes no site oficial do Sindicato para que se perceba isso. Entre os eventos e notícias divulgados destacam-se o ato da posse em 21 de dezembro e o registro textual e fotográfico da primeira "reunião de planejamento" em 22/23 de janeiro.
Quanto ao momento da posse, obviedades e formalidades predominaram nas falas registradas. O clima festivo fazia lembrar das formaturas de Ensino Médio. Os parabéns recíprocos também. Nem um minuto de silêncio pela morte da carreira dos profissionais da educação. Ou em solidariedade às aposentadas e aposentados punidos por continuarem vivos. Ausência total de autocrítica no discurso da presidenta que saía. Ouvindo-a, ninguém diria do retrocesso na mobilização da base, do percentual reduzidíssimo de sócios que votaram na última eleição, das assembleias cada vez mais esvaziadas, da opressão retumbante sobre a escola pública por parte do governo estadual. A presidenta que chega agradeceu e elogiou veementemente a antecessora, reafirmou seu compromisso em dar continuidade à luta, mas  sem chegar ao x da questão em instante algum. Fez um chamamento à participação de todas e todos em prol do fortalecimento do Sindicato, segundo ela o objetivo principal da unidade das diferentes forças políticas representadas na chapa.
Quanto ao informe sobre a reunião "de planejamento", muito pouco elucidativo. Em uma nota  de apenas três parágrafos, citações da pauta - objetivos, análise de conjuntura, reafirmação de compromissos, defesa da escola pública - sem apresentação do teor, muito menos dos encaminhamentos. Para onde serão levadas suas conclusões, apenas para os Conselhos ou democratizadas em plenárias por núcleos para serem debatidas  e enriquecidas, não disseram. Da análise de conjuntura, então, nem sinal. Um primeiro grande equívoco, ao tirar da informação seu caráter  pedagógico, que só o aprofundamento oferece.
Para todas e todos que têm como horizonte uma sociedade socialista, nada mais contrário à natureza, ao âmago, às razões primeiras do movimento sindical do que sua subordinação disfarçada  ao pensar/fazer do capital. Porque no seio da classe trabalhadora o Sindicalismo se fez, ao longo dos séculos XIX e XX, justamente para combater a opressão classista combatendo os pilares que a sustentam. No chão da rua. Exaltação de "eus", cerimônias, desmobilização induzida pela inércia ou pelo chamado equivocado, decisões de cúpula sem debate amplo com a base, são práticas que com ele não combinam.
Talvez mais do que uma sede na praia, a ser usufruída por tão poucos, estejamos precisando investir em uma Escola de Formação Política, onde possamos resgatar nossa consciência DE CLASSE.

                                                                                           MARIA                                         

domingo, 15 de dezembro de 2024

ONDE MORA O FUTURO?

 


" ...
   E agora José?
   A luz apagou,
   o povo sumiu. 
   E agora você?
   O riso não veio, 
   não veio a utopia.
   E agora José? 
   José para onde?
      ...
   Carlos D. de Andrade "  




Neste XXI, sem dúvida, a luta maior da humanidade será a luta pela chance de um futuro em que a vida permaneça . Para que o tempo presente não seja o tempo do fim. Para que seja possível de novo ver uma luz no fim do túnel.
No entanto, só abrir os olhos não vai resolver para voltar a  enxergá-la. Porque o túnel construído por tantos, ao longo dos séculos XIX e XX, foi desabado pele cobiça neoliberal da atualidade e, desse modo, está  impedida  a visão  de qualquer saída.  Para vê-la outra vez, será preciso cavar um novo túnel, colocar as mãos no barro para remover  o entulho e reconstruir o caminho da luta. E quando o caminho renovado começar a se abrir, será indispensável usar os pés para seguir em marcha.
Mas mesmo com os olhos atentos,  as mãos na massa e os pés em marcha, será imprescindível também uma argila agregadora que garanta a unidade deste corpo coletivo que pensa e faz. Pode ser chamada de consciência tal argila, aquele saber que sabemos ter, aquele conhecimento da realidade, aquela sensação de pertencimento  a uma fração social. E, para além da consciência da necessidade, a consciência da possibilidade, se....
È ousado e arriscado abrir os olhos, oferecer as mãos para limpar o terreno, colocar-se de novo na estrada, ter consciência da urgência em reforçar a luta. MAS É NA LUTA QUE HOJE MORA O FUTURO.

                                                                              MARIA 

CONTINUANDO...


Neste abril de 2025, as trabalhadoras e os trabalhadores da rede estadual de educação pública do RS estão sendo chamados, de novo, a participar desta luta pela dignidade perdida, pela existência, pela possibilidade de futuro.
Que os corpos se pintem "pra guerra". Como se fazia na tribo. Porque é de tribo que a luta precisa, não de "valentes" solitários nas esquinas.
O projeto político hoje em andamento no RS, em todas as áreas sociais, não só no campo da educação, é, na íntegra, o projeto  capitalista neoliberal hegemônico mundialmente. O mais perverso já colocado em prática, planetariamente. Embora não pareça. Justamente porque não parece. Usa uma máscara, bem bonita, de bom moço.
Para vencê-lo, não basta "o povo trabalhador  da educação".  Será imprescindível chamar também os estudantes. E as mães. E os movimentos sociais populares. 
Porque, como está escrito naquele muro, "além de não ser fácil, ainda é difícil."

Boa luta.
Para os que ousarem subverter a ordem.
Para os que pintarem e bordarem o  futuro.



                                                                               MARIA








sábado, 7 de dezembro de 2024

O QUE É A ESCOLA PÙBLICA ?

 


Para os "novos" liberais, que hoje são "donos" do mundo, a Escola Pública, enquanto  não estiver totalmente extinta, deve ser apenas uma fábrica de  submissão aos tempos. È assim e pronto. Aceita que dói menos. Seu objetivo velado é  a formação de um exército de zumbis, adoradores de telinhas, indiferentes ao mundo real em que estão mergulhados.
No entanto, para aquelas e aqueles, donos só da própria consciência, a Escola Pública é um território em disputa e deve ter por objetivo a formação de cidadãs e cidadãos críticos e solidários. Afinal, mesmo atacados, cansados, adoecidos, descrentes, "ainda estamos aqui" resistindo. O barco segue em mar revolto. Com aposentadas e aposentados  no porão, a pergunta que surge no convés é se , quando chegar a vez delas e deles, terão espaço no porão. Ou serão jogados diretamente ao mar , sem cerimônias?
Nosso instrumento de luta coletiva - o CPERS/SINDICATO - está fragilizado. Muito por conta dos ataques implacáveis da política neoliberal imperante nos governos e nos parlamentos. Mas muito também por conta de sua própria contaminação pelo "espírito" do tempo. O individualismo exacerbado das lideranças , a ausência das bases e o abandono da formação  política sindical são alguns dos  indícios desta realidade, embaraçando a necessária reinvenção da luta.
Nos próximos dias 16 e 17, estaremos elegendo os Conselheiros 1/1000, os Representantes Regionais de Aposentadas (os) e os representantes Estaduais de Aposentadas (os)  no CONSELHO GERAL DA ENTIDADE. Mas nestes dias o protagonismo não será de candidatas e candidatos. Será da BASE. Só a Base poderá mostrar ao inimigo de classe instalado no Piratini nossa força ou nossa fragilidade. Por isso, VOTA COLEGA. Seja qual for a predileção do teu voto.

Nós da CHAPA 3, UNIDADE PELA RECONQUISTA DE DIREITOS, no segmento APOSENTADOS ESTADUAIS, te convidamos a vir conosco, a abraçar as propostas que trazemos para fortalecer nossa luta sindical. São elas:
*Trabalho incansável pela mobilização e formação sindical da base
*Defesa incondicional da escola pública  laica e democrática
* Considerar inegociável a luta pela reconquista de nossos direitos roubados.

                                                                 MARIA

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

CARA (O ) COLEGA

  


Um dia, faz tempo, escolhi ser professora. Por mais de 30 anos, estive aprendendo e ensinando no chão da Escola Pública. Mas também no chão das ruas e das praças, nas portas dos palácios e dos colégios, que de palácios nada têm. 
Hoje me chamam aposentada, palavra de significado dúbio. De um lado, expressa uma condição de lazer e liberdade depois de um longo período de trabalho e compromisso. De outro, a condição de alguém recolhido aos aposentos de uma casa qualquer.
Nenhum deles me define. Lazer e liberdade pouco tenho. Vivemos em um mundo onde lazer e, até mesmo liberdade, custam caro. E "recolhida" não quero me sentir em casa alguma. Casas são como portos, onde nosso corpo/barco reabastece as energias para voltar ao mar.
E o mar da vida continua inóspito para trabalhadoras e trabalhadores em educação. Como, aliás , para toda a classe trabalhadora. 
Educação não é tudo. Tudo é  respeito aos direitos conquistados pela luta de muitos ao longo do século XX, é devolver ao povo o que do povo foi roubado. Mas se não é tudo, é parte significativa e fundamental na construção de uma sociedade . Para o bem ou para o mal. Porque se pode educar para manter o humanamente construído até aqui ou "para mudar o mundo".
O capitalismo neoliberal  triunfante na atualidade, e disfarçado pela dita "revolução tecnológica", golpeia firme os instrumentos de luta das trabalhadoras e trabalhadores. As marcas destes ataques  são visíveis no movimento sindical contemporâneo, deixando-o frágil e inoperante.
O CPERS/SINDICATO  não tem conseguido fugir desta realidade. È preciso pensar e atuar, para cavar de novo o túnel , aquele, sabes, que permite ver a luz  no fim. E o momento é  este.
Estamos em pleno período eleitoral interno.
A primeira fase já aconteceu. Nela votaram apenas cerca de 20% dos sócios e sócias Realidade preocupante, para dizer o mínimo, quando a palavra da hora deveria ser Mobilização. Mas também extremamente grave porque deixou nítida para o inimigo de classe instalado no Piratini nossa fragilidade coletiva no que se refere justamente à mobilização necessária.
No entanto, a SEGUNDA FASE - a eleição  dos 1/1000, DOS REPRESENTANTES DE APOSENTADOS/AS no Conselho Geral e no Núcleos e a ou o representante municipal nos Núcleos - ainda não foi concluída. A ELEIÇÃO será nos dias 16 e 17 de DEZEMBRO. Logo, podemos fazer diferente, comparecendo em massa à urna virtual. 
Estou escrevendo para te chamar à luta, ao mar, À UNIDADE PELA RECONQUISTA DOS DIREITOS, ( CHAPA 3 DE REPRESENTNTES DAS APOSENTADAS(OS) NO CONSELHO GERAL DO CPERS ). AO VOTO. Porque "ensinar democracia" no agora, exige mais do que hinos e palavras de ordem ou discursos inflamados na boleia de um caminhão. Exige coerência entre discurso e prática, autocrítica, construção programática coletiva com a base. Exige presença.

ESTAMOS NA LUTA
#Pelo fim do desconto previdenciário
#Pelo fim do subsídio e respeito ao plano de carreira
#Pelo fim da cobrança abusiva do IPE SAÚDE
#Pela realização de concurso público na Educação
#Pelo piso e plano de carreira para funcionários
#Pelo estímulo à participação da base nos espaços internos de tomada de decisões
#Contra as PPPS, a  MERCANTILIZAÇÂO DA EDUCAÇÃO, a PRIVATIZAÇÃO DAS ESCOLAS PÚBLICA
# EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA, LAICA E DEMOCRÁTICA

Acreditando que atenderás ao chamado, 
Forte abraço
MARIA DO CARMO GAUTERIO
REPRESENTANTE REGIONAL DA CHAPA 3
UNIDADE PELA RECONQUISTA DOS DIREITOS


 CHAPA 3 APOSENTADAS (OS) - CONSELHO  GERAL

CÂNDIDA - MARIA DE FÁTIMA - GELSI - ROSANA - TANIA TERESINHA -  LÌVIA - STAEL ANGELITA - SÍLVIA - NEUSA - LAURA - FRANCISCA - MARIA NORMA - BIA - LUCIMAR - SANDRA - LARI - JULIA  - VALÉRIO