sexta-feira, 15 de maio de 2020

O FIM DO MUNDO OU O FIM DE UM MUNDO?

Não sabemos para onde vamos. Mais do que nunca a imprevisibilidade se faz presente em nossos dias. Certezas "absolutas" são derrubadas a cada hora. Otimistas e pessimistas são desmentidos a cada dia pela realidade. "Tudo que parecia sólido desmanchou no ar", fazendo a humanidade vivenciar, por via extremamente dolorosa, a concretização de uma possibilidade já levantada por Marx e Engels no seu Manifesto de 1848.
Confinados que estávamos no perverso sociometabolismo do capital, nos estreitávamos num tempo presente reduzido ao instante, sem prestar atenção nem ao passado nem ao futuro. Vivíamos de migalhas ou de destroços, sem perceber. Nos contentávamos com o desejo de ter, com prazeres miúdos, com pequenas virtudes. Era o possível, afirmávamos. Talvez para aplacar a consciência.
Deslumbrados que estávamos com o crescimento exponencial da tecnologia científica, com o desenvolvimento da informática e da automação, com as imagens fulgurantes da sociedade do espetáculo, nos embrenhamos em um modo de vida onde valores minimamente humanitários foram trocados por um padrão existencial em que as pessoas só se sentem realizadas quando adquirem bens materiais ou conseguem  ocupar espaços de poder, por ínfimos que sejam. O personalismo se sobrepôs ao respeito pelo coletivo. A aptidão para competir ganhou mais importância do que a disposição de partilhar.
Sem provas, mas inflados de convicções, "marchávamos cegos pelo continente", "como se não houvesse amanhã", ignorando todos os "gritos de alerta". Nossos passos na direção errada pareciam passos certos. Ou inevitáveis. Até tropeçarmos no invisível.
Já confinados no tempo, precisamos, além disso, ficar  confinados no espaço. Para não morrer.
Abriremos os olhos? Ou continuaremos nessa  corrida  vertiginosa em direção do abismo?

EM TEMPO:Para as milhares, quiça milhões, de vítimas fatais da COVID 19, 2020 está sendo o ano do fim do mundo.

                                                                  MARIA
                                                         



2 comentários:

  1. Bela reflexão minha Companheira... Primeiro texto deste blog lido em tempo real dos feitos... Que bom que voltasse com as reflexões através do teu olhar de mundo..Fico feliz de estar aqui neste espaço de aprendizado. Abraço fraterno Professora Maria do Carmo.

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  2. Amada professora Maria do Carmo, obrigado pela poesia. Melhor dizendo, pela reflexão. Não, não...pela reflexão poética de contexto social, onde tem como centralidade a crítica ao egoísmo, egocentrismo, individualismo, propondo uma reflexão para uma outra construção social, cuja centralidade seja a solidariedade, fraternidade, respeito com o ambiente - não apenas o humanizado, antropizado, desanimalizado. Ler-te, novamente, torna-me melhor. Beijos! Há-braços e mentes!

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